Nesta quarta-feira (10), os franceses sairão às ruas em um movimento que está sendo chamado de “bloqueamos tudo”. O movimento reúne sindicatos, estudantes, profissionais da cultura e a sociedade civil em geral, expressando a profunda insatisfação com a situação econômica e social.
Mesmo com a queda no índice de desemprego, a taxa de pobreza tem aumentado, evidenciando as dificuldades enfrentadas pela chamada “França ric-rac” — ou seja, aqueles que vivem no limite, com o orçamento apertado no fim do mês.
O governo e suas políticas de austeridade, que penalizam principalmente os mais vulneráveis, exacerbaram o problema. A insatisfação se manifesta em vozes como a de Amina Elrhardour, 60 anos, que em um protesto em Paris, desabafou em depoimento para o Le Monde: “Tudo é caro, tudo aumenta. O próximo governo precisa pensar nos pobres e nos aposentados”.
O ministro do Interior, Bruno Retailleau, anunciou a mobilização de 80.000 policiais em todo o país, prometendo “tolerância zero” contra a “violência”. Apesar disso, o objetivo dos manifestantes é criar bloqueios e “ações de choque” em diversos pontos estratégicos.
A maior parte do tráfego de metrô e bonde em Paris e arredores deverá funcionar normalmente. No entanto, o tráfego de parte dos trens deverão ser severamente afetados, com cancelamentos e atrasos. A Direção Geral de Aviação Civil (DGAC) alertou para possíveis atrasos e interrupções em todos os aeroportos franceses. Manifestantes planejam bloquear as principais entradas e saídas de Paris, assim como as estradas em cidades como Rennes e Nantes.
Empresas como a Amazon e a ArcelorMittal estão sujeitas a piquetes de greve, e as refinarias da TotalEnergies também podem ter suas operações paralisadas. O Sindicato Nacional do Ensino Primário (FSU-SNUipp) e outros sindicatos do setor convocaram greve, embora o impacto seja menor, já que muitas escolas primárias fecham às quartas-feiras. A Universidade de Ciências Políticas (Sciences Po) deverá fechar suas unidades, optando por aulas online.
As manifestações ocorrem em um momento de grande crise na França, que levou à queda do primeiro-ministro François Bayrou no dia 8 de setembro. Com uma impopularidade recorde, Bayrou solicitou o “voto de confiança” do parlamento, mas acabou sofrendo uma derrota estrondosa. Tanto a extrema direita quanto a esquerda se colocaram contra o primeiro-ministro.





