Política internacional

França: guerra contra o Irã é ‘quase inevitável’

Enquanto ameaça bombardear o Irã 'como nunca se viu', Trump afirma que quer 'negociações diretas' com Teerã

O governo francês declarou que um confronto militar contra a República Islâmica do Irã é “quase inevitável”. A afirmação partiu do ministro das Relações Exteriores da França Jean-Noël Barrot no dia 2 de abril, durante sessão na Assembleia Nacional após reunião de governo convocada por Emmanuel Macron para tratar da questão iraniana.

Segundo Barrot, “sem um novo acordo, uma confrontação militar pareceria quase inevitável”, sinalizando que a França, uma ex-potência decadente, está disposta a embarcar numa nova aventura militar comandada pelos Estados Unidos e pela entidade sionista.

A declaração ocorre em meio ao aumento das ameaças por parte do imperialismo. O presidente norte-americano, Donald Trump, retomou sua campanha de chantagens contra o Irã, afirmando que, caso o governo iraniano não aceite um novo acordo nuclear nos moldes impostos pelo imperialismo, o país asiático será alvo de bombardeios “como nunca se viu antes”. A intimidação, que não passa de uma tentativa de forçar o Irã à capitulação, representa mais um passo na escalada belicista promovida pelo imperialismo norte-americano e seus sócios europeus.

O Irã, por sua vez, não se deixou intimidar. O líder supremo do país, aiatolá Ali Khamenei, deixou claro que qualquer ataque por parte dos EUA ou de “Israel” será respondido à altura. “Receberão um forte golpe recíproco”, afirmou. Já o vice-comandante da Guarda Revolucionária Islâmica, Yadollah Javani, destacou que um ataque ao programa nuclear iraniano não eliminará suas capacidades, mas “inaugurará uma nova fase”, indicando que o país poderá revisar sua atual doutrina nuclear.

Desde que Trump rompeu unilateralmente, em 2017, o acordo nuclear firmado dois anos antes pelo governo de Barack Obama com a república islâmica e outras potências imperialistas — conhecido como Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA, na sigla em inglês) — os Estados Unidos voltaram a impor duras sanções contra o país. Ao mesmo tempo, passaram a pressionar seus aliados para aderirem à política de “pressão máxima”. Não por acaso, Barrot reproduz exatamente a mesma posição do imperialismo norte-americano.

Apesar da agressividade, o governo iraniano reafirmou sua disposição para negociar, desde que cessadas as ameaças. O chanceler Abbas Araghchi afirmou que o Irã está aberto ao diálogo, mas não aceitará intimidação, extorsão ou imposição de condições. “Responderemos de forma decisiva a qualquer agressão”, disse.

Enquanto isso, o imperialismo se prepara para a guerra. Segundo fontes da agência de notícias Reuters, quatro bombardeiros B-2, com capacidade nuclear, foram deslocados para a base norte-americana de Diego Garcia, no Oceano Índico — movimentação que visa posicionar os EUA para um possível ataque ao Irã.

O papel desempenhado pela França neste cenário é o de cúmplice. Incapaz de se impor como potência soberana, o país europeu se ajoelha diante do imperialismo norte-americano e do sionismo internacional. A ameaça de guerra contra o Irã, promovida por EUA, “Israel” e apoiada pelo imperialismo francês, é parte da ofensiva contra os povos do Oriente Médio, especialmente contra aqueles que resistem à ditadura imperialista.

Mais do que nunca, é necessário defender incondicionalmente o direito do povo iraniano à sua soberania, à sua autodeterminação e à sua autodefesa diante dos planos de guerra do imperialismo. A esquerda que se alinha com os interesses dos trabalhadores não pode vacilar: é preciso denunciar com veemência as ameaças imperialistas e apoiar a resistência dos povos oprimidos contra as agressões do imperialismo e do sionismo.

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