Em meio ao aprofundamento da crise capitalista e da escalada militarista promovida pelo imperialismo após sua derrota no Oriente Médio e no Leste Europeu, a França anunciou nesta semana um grande aumento em sua produção de armamentos nucleares. A medida foi anunciada pelo presidente francês Emmanuel Macron durante visita à base aérea de Luxeuil-Saint-Sauveur, localizada próxima à fronteira com a Alemanha, que será reativada como a quarta base nuclear do país até 2035.
A base aérea de Luxeuil-Saint-Sauveur havia sido desativada em 2011, quando deixou de abrigar armamentos nucleares. Agora, o governo francês investirá cerca de 1,5 bilhão de euros para modernizar completamente suas instalações e transformá-la em uma das principais bases nucleares da Europa. O projeto prevê a instalação de dois esquadrões completos de caças Rafale F5, totalizando aproximadamente 40 aeronaves capazes de transportar mísseis nucleares hipersônicos ASN4G.
Esses novos mísseis ASN4G estão atualmente em desenvolvimento pela indústria bélica francesa e substituirão os atuais ASMP-A. Os ASN4G terão capacidade hipersônica, atingindo velocidades superiores a Mach 5 (cinco vezes a velocidade do som), com alcance estimado superior a mil quilômetros. Com isso, a França busca ampliar significativamente sua capacidade ofensiva e dissuasória no cenário europeu.
O anúncio ocorre em meio à intensificação dos conflitos no imperialismo e suas subsequentes derrotas, sendo a confusão política provocada por Trump no núcleo imperialista a gota d’água. A crise se intensificou especialmente após o início da guerra na Ucrânia em 2022. Macron justificou o aumento dos investimentos alegando que “o mundo está cada vez mais perigoso e incerto”. No entanto, é evidente que essa escalada militar não visa proteger os trabalhadores ou promover qualquer tipo de segurança real sequer para as populações europeias. Pelo contrário: trata-se de uma preparação aberta para novos conflitos bélicos contra quem se revoltar.
Além do investimento bilionário na base aérea nuclear, Macron anunciou também um aumento significativo nas encomendas dos caças Rafale produzidos pela Dassault Aviation. A França já possuía cerca de 149 aeronaves Rafale (108 na força aérea e 41 na marinha) e estava prevista a entrega adicional de mais 56 unidades antes deste novo anúncio. Agora, o governo francês pretende acelerar ainda mais essas encomendas para fortalecer sua capacidade militar.
A expansão nuclear francesa ocorre paralelamente ao debate sobre estender o chamado “guarda-chuva nuclear” francês para outros países europeus. Recentemente, Friedrich Merz, futuro chanceler alemão, sugeriu que a Alemanha poderia se beneficiar diretamente da proteção nuclear francesa. Macron afirmou estar aberto ao diálogo sobre essa possibilidade, indicando uma tendência clara de ampliação da presença nuclear no núcleo duro do imperialismo na Europa.
Atualmente, a França é o único país membro da União Europeia com armas nucleares após a saída do Reino Unido do bloco. Seu arsenal conta com aproximadamente 290 ogivas nucleares operacionais, sendo o quarto maior arsenal nuclear do mundo. O país gasta anualmente cerca de 6 bilhões de euros (aproximadamente 15% do orçamento total da defesa francesa) apenas para manter e modernizar seu arsenal atômico.
O anúncio francês gerou críticas imediatas por parte da Rússia, que classificou as medidas como “militarização” irresponsável e alertou que tais ações logicamente dificultam qualquer solução pacífica para o conflito ucraniano – algo que o regime francês nunca buscou.