A experiência francesa acaba de oferecer à esquerda mundial uma lição. A chamada Frente Popular, celebrada por setores da esquerda pequeno-burguesa como modelo de “união contra a extrema direita”, revelou-se, como sempre, um instrumento de desmoralização e traição.
Após meses de impasse político, o governo de Emmanuel Macron — já isolado e repudiado pela maioria dos franceses — conseguiu se manter no poder graças ao apoio de um setor da própria Frente Popular, liderado pelo Partido Socialista. Em troca de um simples adiamento da reforma da Previdência, esse partido — que há décadas serve ao imperialismo — ofereceu sobrevida ao regime mais odiado da Europa.
É o fim da Frente Popular. A direita “civilizada” foi facilmente cooptada e revelou que nunca foi fiel aos objetivos da ala esquerda do bloco. Na primeira oportunidade, sai em socorro de um governo autoritário, que reprime manifestações, persegue opositores e impõe ataques econômicos devastadores.
Ainda que ajude na manutenção do governo Macron, a traição do Partido Socialista é positiva porque, na prática, liquida a Frente Popular. E, neste sentido, deixa o caminho livre para que a esquerda desenvolva sua luta de maneira independente.
A política de “frente ampla” no Brasil segue exatamente o mesmo caminho que levou ao fracasso na França. O PT insiste em se agarrar à burguesia dita “democrática” — e nada simboliza melhor isso do que a aliança pessoal de Lula com Macron, hoje um verdadeiro ditador em crise na França. As fotos sorridentes e de mãos dadas com o carrasco do povo francês são o retrato da desorientação completa do governo brasileiro.
A esquerda pequeno-burguesa acredita que governar é conciliar com seus inimigos de classe. Está infiltrada por sionistas declarados como Jaques Wagner, que chegou a pedir o “extermínio do Hamas”, e se cala diante de tamanha barbaridade. É uma esquerda que perdeu o rumo, que acredita poder “ganhar as eleições” eternamente — sem saber para quê, sem saber a serviço de quem.
O exemplo francês deveria servir de alerta final. A Frente Popular — assim como a frente ampla brasileira — não é um instrumento de luta contra a direita, mas de domesticação da classe trabalhadora. Toda vez que a esquerda entrega sua independência política à burguesia, é a direita quem vence. Foi assim na França, é assim no Brasil.
A suposta “união pela democracia” é, na verdade, a rendição à política do imperialismo.





