Ainda durante o governo otomano, nasceu no dia 28 de novembro de 1914, na cidade síria de Bludan, Fouad Nassar, filho de professores palestinos originários de Nazaré. Durante sua infância, sua família retorna a Nazaré, onde começa seus estudos primários. No entanto, devido a problemas financeiros, Fouad é obrigado a abandonar a escola e começa a trabalhar como sapateiro, antes mesmo de completar a quarta série.
Sob a ditadura militar imposta pelo imperialismo britânico após o fim da Grande Guerra, Fouad inicia, na adolescência, sua atividade política, participando de manifestações após a Revolta de Buraq. Sete anos depois, eclode a Revolução Palestina, na qual participaria.
No primeiro ano, em 1936, é preso por formar organização hostil ao Mandato Britânico. Condenado a um ano de reclusão e mais um ano de exílio, Nassar é libertado alguns meses depois junto a outros prisioneiros políticos e permanece em prisão domiciliar, em Hebron. A continuidade de suas atividades políticas levam as autoridades coloniais a exilá-lo em Yatta, vilarejo na vizinhança de Hebron. Em seguida, é preso novamente: quatro meses na prisão de Jerusalém e mais seis meses na prisão de Acre.
É durante seu encarceramento que conhece comunistas palestinos e começa a sua ligação com o PC palestino. Liberto, é novamente colocado em prisão domiciliar, desta vez em Nazaré, de onde escapa para Hebron. Ao final de 1938, Fouad já havia se tornado líder armado de rebeldes palestinos. Em batalha com os britânicos, é seriamente ferido na mão e ombro direitos. Durante este período, adquire maior notoriedade e adota o nom de guerre Abu Khaled, que utiliza até o fim de sua vida.
Com a derrota da Revolução em 1939, Nassar se refugia no Iraque, na época uma monarquia hachemita apoiada pelos ingleses. Em Bagdá, integra a academia militar, de onde se gradua em nove meses. Participa junto a outros exilados palestinos do movimento nacionalista liderado por Rashi Ali al-Gaylani, buscando a derrubada da monarquia pró-imperialista. Com a derrota do golpe nacionalista em maio de 1941, procura refúgio no Irã, mas é devolvido às autoridades iraquianas, que o exilam no Curdistão.
Em meio à Segunda Guerra Mundial, o Mandato Palestino anistia os revolucionários de 36-39, e com isso, Fouad finalmente pode retornar à sua terra, chegando em Nazaré no início de 1943. Como de praxe, o imperialismo britânico coloca-o sob regime de prisão domiciliar.
No ano seguinte, participa da fundação da Liga pela Libertação Nacional da Palestina, racha da PC palestino, cujo comitê central Nassar integra. Em 1945, é fundado o Congresso dos Trabalhadores Árabes, uma central sindical. Novamente, é eleito para integrar a liderança. Neste período, começa a editar o jornal al-Ittihad, que existe até os dias de hoje.
Com o estabelecimento do Estado de “Israel”, e a anexação da Cisjordânia pelo reino hachemita da Jordânia, Nassar passa a atuar politicamente dentro de território jordaniano. Perseguido pela monarquia, refugia-se na cidade de Birzeit, nas proximidades de Ramallah, e, ainda fora da Transjordânia, participa da fundação do PC jordaniano, para o qual é eleito Secretário Geral. Em 1952, é preso por disseminar propaganda comunista e sentenciado a dez anos de trabalhos forçados, depois reduzidos a seis.
É libertado da prisão de al-Jafr, no deserto jordaniano, com a vitória da coalização nacionalista, em outubro de 1956. No entanto, com o golpe de 1957 e o retorno das restrições aos direitos políticos, Nassar passa por um período curto em que vai de Damasco à cidade de Bagdá, para finalmente se estabelecer em Berlim oriental, em 1960. Durante seu tempo na Europa, se casa com uma jovem búlgara, conhecida como Leila.
Em 1967, retorna a Amã para liderar o PC jordaniano. Adota uma política de frente única com as organizações nacionalistas palestinas e, em 1970, participa da formação das forças partisanas em apoio aos fidayeen. Em 1972, se torna o primeiro comunista a integrar o Conselho Nacional Palestino, órgão político máximo da OLP. Após uma longa trajetória de luta, morre aos sessenta e dois anos de câncer no fígado, no dia 30 de setembro de 1976. Numa enorme procissão, em que participaram diversos militantes da luta pela libertação palestina, é colocado ao descanso eterno em Amã, a capital jordaniana.