A vida é maravilhosa até você experimentar a primeira mordida.
“Não faça isso, Sam-Sam.“
Ignorei todos os alertas. É difícil resistir quando, ao seu lado, um diabinho diz:
“Faça isso. Todos à sua volta já estão fazendo.”
É mais difícil ainda quando aquele apresentador da televisão diz a mesma coisa:
“Seja corajosa! Errado está quem não experimenta.”
Mordi. Viciei-me na hora.
Era uma atrás da outra. Vocês nunca desfrutaram do prazer de uma censurinha?
Depois de provar um pedaço, toda censura é gostosa. Melhor ainda quando vem temperada com uma pitada de defesa das mulheres, quando vem com uma coberturazinha anti-antissemita, com um molhinho antirracista… Hummmm! É de dar água na boca.
Comer demais dá preguiça. Quanto mais censura, menos disposição de enfrentar os inimigos. Por que enfrentá-los, se eu posso simplesmente rolar e devorá-los?
Em vez da espada, a colher. Em vez do cérebro, um estômago de tamanho continental.
Eis que, agora, está no cardápio meu marido e parceiro de aventuras persecutórias. Comer ou não comer? Eis a questão.
Apavorado com a possibilidade de ser devorado, ele prometeu fazer greve de fome. Seria bom, para seu próprio bem, que parasse de se deliciar com a censura alheia.
Quanto a mim, já não sei se resisto. Não sei se consigo enfrentar a minha própria gula.
Vamos começar devagar. Prometo que não irei censurar este texto! Será que vou conseguir?
Depois vocês me contam.