Expedito Mendonça

Militante trotskista há 40 anos, fundador e atual diretor do Sindsep-DF. Formado em História pela UniCEUB, membro da comissão de redação do Jornal Causa Operária e colunista do Diário Causa Operária.

Coluna

‘Foi Israel, não o Hamas, que violou o acordo’

Estado sionista rompe cessar-fogo e volta a assassinar centenas de civis em Gaza

As palavras que dão título a este artigo foram escritas e publicadas pelo jornal israelense Haaretz, em alusão às mentiras do Estado sionista acerca da ruptura – por parte do governo genocida e criminoso de Israel – dos acordos de cessar-fogo, rompidos unilateralmente na madrugada do dia 18 de março, quando a aviação militar do Estado judeu voltou a bombardear a Faixa de Gaza, deixando um saldo sangrento de mais de 1.000 pessoas atingidas, com 400 mortes, e cerca de 600 outras feridas, dentre mulheres e crianças.

Para ser mais preciso, essa foram as palavras do jornal israelense em seu editorial: “O exército de ocupação israelense mais uma vez começou a bombardear a Faixa de Gaza com ataques aéreos desde terça-feira, matando mais de 400 palestinos, ferindo centenas e quebrando um acordo de cessar-fogo e troca de prisioneiros que foi firmado em janeiro.

O governo alegou que o ataque foi renovado devido à rejeição “repetida” do Hamas de todas as propostas para estender o cessar-fogo e libertar os prisioneiros israelenses”.

Isso, no entanto, deve ser repelido, pois se trata de uma grotesca mentira. O jornal Haaretz prossegue: “No 16º dia, as partes deveriam começar a discutir a segunda fase, que deveria terminar com a libertação de todos os reféns restantes. Israel recusou.” “Israel também quebrou sua promessa de se retirar do Corredor Filadélfia na fronteira entre Gaza e Egito entre o 42º e o 50º dia do cessar-fogo”.

Além disso, Israel anunciou que estava interrompendo a entrada de ajuda humanitária em Gaza e fechando as passagens de fronteira”. “Esta decisão, como a decisão do ministro da energia de interromper a quantidade limitada de eletricidade que Israel fornece a Gaza, viola explicitamente o compromisso de Israel no acordo de que a ajuda continuará entrando enquanto as negociações sobre o segundo estágio estiverem em andamento.”

A primeira fase do acordo terminou no início de março, mas Netanyahu se recusou a entrar em negociações para a segunda fase do acordo. 

O Haaretz também criticou as alegações de Netaniahu sobre a rejeição do Hamas a todas as propostas do enviado dos EUA Steve Witkoff para estender o cessar-fogo. Diz o veículo de comunicação: “Todas as propostas que o Hamas recebeu de Witkoff decorrem da recusa de Israel em manter sua parte do acordo. Consequentemente, a tentativa de retratar a rejeição do Hamas às propostas de Witkoff como uma razão para retomar a luta não passa de uma manipulação desonesta.”

Também criticou como “outra mentira” a alegação de Netanyahu de que o novo ataque a Gaza tinha como objetivo libertar os cativos, os vivos e os mortos.

Como se pode ver, Israel, na verdade, nunca desejou o acordo. Sua intenção nunca foi o cessar-fogo, a interrupção da matança em Gaza. No máximo cedeu a uma pressão no primeiro momento, mas  nunca, em nenhum momento, se interessou pelo cumprimento do acordo, da trégua, ainda que temporária e em termos bem frágeis. 

Por sua vez, o Hamas cumpriu todas as cláusulas do acordo, sem violar nenhuma das peças do instrumento. 

A violação , por parte de “Israel” dos termos do acordo de cessar-fogo, é a demonstração cabal de que o sionismo não será derrotado por meio de negociações, acordos ou tratados, pois o Estado sionista sempre violou todas as resoluções internacionais que os obrigava e obriga a cessar suas ações criminosas, de força de ocupação opressora contra os povos indefesos da região.

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