No último domingo (6), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) organizou mais uma manifestação em defesa da anistia para os presos no ato de 8 de janeiro. Novamente, o que se viu nas redes sociais foi a esquerda defendendo que o ato “flopou”. Nos últimos tempos, a principal arma política da esquerda para atacar o bolsonarismo tem sido o uso da palavra “flopou”, além de, é claro, aplaudir as ações do STF na perseguição aos bolsonaristas.
De acordo com o Monitor do Debate Político no Meio Digital da USP, o ato de Bolsonaro teria reunido 44.900 pessoas na Avenida Paulista, em São Paulo. Poucos dias atrás, o ex-presidente havia reunido cerca de 30 mil pessoas em Copacabana, no Rio de Janeiro. E por que a esquerda insiste no “flopou”?
A resposta é clara: esses setores da esquerda já estão desesperados e não possuem outra alternativa. Ao abandonar uma política de enfrentamento real, apelam pela ajuda do Judiciário e do ataque bobo de falar que foi esvaziado.
Na última semana, Nikolas Ferreira, também do PL, partido de Bolsonaro, bombou com um vídeo defendendo a anistia dos presos políticos. Meses atrás, havia bombado ao criticar a política econômica de Lula. Em resposta a isso, o máximo que a esquerda consegue fazer é falar que eles espalham ‘fake news‘ e que os atos teriam sido esvaziados. Sequer tem a decência de entrar no mérito do que os bolsonaristas estão discutindo.
Na realidade, a esquerda pequeno-burguesa criou um mundo de fantasia, onde o governo Lula vai bem, há o pleno emprego e o Judiciário, bastião da democracia, irá afastar os perigos da extrema-direita.
Não há uma proposta, uma política para ser travada nas ruas, não há nada. Não há defesa da Petrobras e da exploração do petróleo como forma de geração de empregos. Não há iniciativa para combater o roubo dos bancos e impedir as barbaridades dos juros e da autonomia do Banco Central. Não há iniciativa para defender as demais nações e povos que lutam contra o imperialismo, não há defesa séria da Palestina.
A maioria dos partidos da esquerda viraram pitaqueiros de internet.
E devemos dizer, com tranquilidade, que os pitacos da extrema-direita bolsonarista estão repercutindo muito mais do que os pitacos da esquerda. Ambos são ruins e rebaixam muito qualquer tentativa de debate. Mas a esquerda não deveria se basear nesses métodos vexaminosos.
A verdade é que não “flopou”. Mas e se tivesse “flopado” e o público de Bolsonaro tivesse sido de 5 mil, o que mudaria?
Se fossem 5 mil, a esquerda continuaria sem política nenhuma para apresentar aos trabalhadores. E se fossem 5 mil, o bolsonarismo estaria num patamar parecido com o da esquerda pequeno-burguesa que, mesmo com vários aparatos partidários e de sindicatos, levou menos de 5 mil pessoas à Paulista na semana passada, no ato “sem anistia”.
Em todos os cenários, as avaliações da esquerda vão de mal a pior.
Será que é o ato do Bolsonaro que está “flopado” ou será que é a política da esquerda de se aliar ao STF?
Não adianta querer mascarar a realidade. A política de mandar prender manifestantes do 8 de janeiro não parece ser sido a coisa mais mobilizadora dos últimos tempos…