Estados Unidos

Financiando o genocídio: os maiores financiadores da AIPAC

O grupo antissionista TrackAIPAC publicou no X a lista dos maiores financiadores do lobby sionista

No dia 13 de março, o grupo antissionista TrackAIPAC publicou no X (antigo Twitter) a lista atualizada dos maiores doares do Comitê de Assuntos Públicos Estados Unidos-”Israel” (AIPAC) e seus aliados entre 2023 e 2024.

TrackAIPAC é um grupo dedicado a documentar sistematicamente o lobby israelense, suas contribuições financeiras para as autoridades federais dos Estados Unidos e sua influência no regime norte-americano.

A lista publicada contém 231 nomes – em sua maioria bilionários e executivos corporativos – e empresas que doaram um total de US$75.762.055 para o maior lobby dos Estados Unidos.

Quinze deles doaram mais de US$ 1 milhão, treze mais de meio milhão e cerca de duzentos dos restantes mais de US$100.000, que é o limite mínimo para inclusão na lista dos principais doadores. Doadores milionários e multimilionários contribuíram coletivamente com cerca de US$35,4 milhões, ou seja, quase a metade de todos os que estão na lista.

Dentre os maiores doadores da lista estão: Jan Koum, Miriam Adelson, Jonathon Jacobson, Bernard Marcus e sua família, David Zalik, Paul Singer, Haim Saban e Haleine Lerner.

  1. Jan Koum

Jan Koum é o maior doador da AIPAC e seus aliados, contribuindo com um total de US$7.432.880. Koum é um capitalista ucraniano-norte-americano, programador e co-fundador do WhatsApp.

Koum, de família judia, trabalhou como engenheiro de infraestrutura no Yahoo até fundar o WhatsApp com Brian Acton. Em 2014, Koum vendeu o WhatsApp para a Meta (antigo Facebook) por US$19 bilhões – uma das maiores aquisições de tecnologia da época. Após a venda, Koum trabalhou como executivo da empresa por mais quatro anos. Seu patrimônio é estimado em US$15 bilhões.

Koum é conhecido por seus laços íntimos com o regime israelense e seus grupos de lobby. Através da Koum Family Foundation, ele contribuiu com dezenas de milhões de dólares para organizações relacionadas a “Israel”. Entre 2019 e 2020, sua fundação doou aproximadamente US$140 milhões para cerca de 70 organizações sionistas, muitas das quais operam em território ocupado.

Entre estas doações, destacam-se a doação de US$ 6 milhões para Friends of Ir David, braço americano de arrecadação de fundos da Elad, uma organização sionista voltada para a expansão de assentamentos ilegais na área leste de Jerusalém.

Koum doou também US$5,3 milhões para a Amigos do Exército Israelense – lobby sionista que apoia soldados e veteranos israelenses; US$600.000 para a Maccabee Task Force – grupo que promove a defesa do sionismo em campi universitários nos EUA – e mais de US$13 milhões até 2020 para o sistema de saúde israelense.

Em 2022, ele doou US$2 milhões para o Projeto Democracia Unida (PDU) da AIPAC, uma Comissão de Assuntos Públicos que apoia candidatos pró-israelenses nas primárias democratas dos EUA.

Por conta da posição pró-sionista de Koum e Mark Zuckerberg (dono da Meta), há uma profunda colaboração entre o grupo Meta e o regime de ocupação israelense. A Meta supostamente fornece aos serviços de inteligência israelenses uma instalação desobstruída de spyware no WhatsApp, usado para monitorar jornalistas antissionistas, ativistas pró-palestinos e indivíduos palestinos proeminentes.

  1. Miriam Adelson

Miriam Adelson, israelense-norte-americana, é a maior doadora do Partido Republicano e a segunda maior doadora do AIPAC, tendo contribuindo com US$5 milhões para o lobby – sendo todo o dinheiro direcionado para a Coalizão Judaica Republicana.

Segundo o relatório da Comissão Eleitoral Federal, Adelson doou US$100 milhões para um comitê de campanha que apoiava a candidatura de Donald Trump.

Viúva de Sheldon Adelson, conhecido por seu império de cassinos e hotéis resort nos Estados Unidos, Miriam é uma colona sionista que nasceu e cresceu nos territórios palestinos ocupados e defendeu a ocupação sionista. No ano passado, a revista Forbes estimou seu patrimônio líquido em mais de US$35 bilhões.

Suas opiniões políticas representam a forma mais radical de sionismo. Adelson é associada ao chamado “neossionismo” – corrente ideológica do sionismo que defende não apenas a manutenção dos territórios ocupados, mas também a expansão da ocupação e a anexação da Palestina e dos países vizinhos.

Adelson é um importante doador para os assentamentos israelenses ilegais na Cisjordânia ocupada, e o casal doou US$25 milhões para a Universidade Ariel, localizada em um desses assentamentos israelenses na Cisjordânia ocupada. Sua fundação doou mais de US$500 milhões para a Fundação Taglit-Birthright, um programa que oferece viagens gratuitas a “Israel” para jovens judeus adultos.

A sionista foi responsável por criar a Força-Tarefa Macabeu, uma iniciativa de US$50 milhões criada para se tornar o maior programa de campus pró-israelense dos Estados Unidos – posteriormente expandido para a Europa e outros países.

Adelson também está associada ao financiamento de vários grupos sionistas que desempenharam um papel significativo na produção e disseminação de propaganda anti-árabe no Ocidente.

  1. Jonathon Jacobson

Terceiro maior doador da AIPAC, com US$ 4.575.000, Jonathon Jacobson é fundador da HighSage Ventures e co-fundador da Highfields Capital Management.

Uma de suas conexões mais diretas de Jacobson com o regime sionista é a sua função como Presidente do Conselho Internacional de Curadores do Instituto Israelense de Estudos de Segurança Nacional, um think tank sediado em Telavive voltado para pesquisas estratégicas, militares e de políticas de segurança.

Jacobson e sua esposa são responsáveis pela Fundação One8 – previamente conhecida como Fundação da Família Jacobson – que prioriza explicitamente “causas judaicas e Israel” entre suas áreas de foco. A fundação é uma propagandista da ideologia sionista e utiliza a educação e atividades comunitárias para espalhar propagando pró-sionista.

Politicamente, Jacobson fez doações substanciais para a propaganda israelense nos Estados Unidos, doando milhões no ciclo eleitoral de 2024 para PDU da AIPAC.

Suas doações políticas também se cruzam com figuras como Miriam Adelson, com quem ele compartilha conexões por meio do apoio mútuo a causas como a campanha presidencial da republicana Nikki Haley em 2023.

  1. Bernard Marcus e sua família

O quarto colocado na lista, com US$3 milhões, é o falecido Bernard Marcus, bilionário americano e co-fundador da rede de lojas The Home Depot, maior varejista de artigos para casa do mundo. Antes de sua morte, em novembro de 2024, seu patrimônio era estimado em US$11 bilhões.

Marcus doou milhões para candidatos republicanos, incluindo Donald Trump (US$ 7 milhões em 2016 e 2020), John McCain e Ron DeSantis.

Fundou a Fundação Marcus com sua esposa em 1989, responsável por doar mais de US$2,7 bilhões para iniciativas sionistas. Uma das contribuições mais notáveis foi uma doação de US$20 milhões em 2006 para o Magen David Adom (MDA), serviço médico israelense, que financiou o Centro Nacional de Serviços de Sangue Marcus em Ramla, na Palestina ocupada.

Além da MDA, a Marcus Foundation apoiou várias organizações relacionadas a “Israel”, incluindo doações para a FIDF e a Birthright, já mencionadas.

A Marcus Foundation continua essas atividades pró-sionistas mesmo após sua morte, sob a liderança de Billi Marcus e outros membros da família.

  1. David Zalik

David Zalik é o quinto maior doador da AIPAC, com US$2 milhões – o mesmo valor que os três doadores seguintes individualmente.

Zalik é co-fundador e ex-CEO da GreenSky, uma empresa de tecnologia financeira que forneceu uma plataforma para empréstimos instantâneos em pontos de venda, principalmente para projetos de melhoria residencial, em parceria com bancos e comerciantes. Em 2022, foi adquirida pelo Goldman Sachs por US$ ]2,24 bilhões e Zalik se tornou sócio do banco. No ano seguinte, o Goldman vendeu a GreenSky por cerca de US$500 milhões, encerrando o envolvimento direto de Zalik.

Zalik tem mantido um perfil público relativamente baixo em relação ao envolvimento direto com a entidade sionista, mas seus empreendimentos comerciais parecem ter vínculos operacionais diretos com “Israel”.

Por meio da The Zalik Foundation, ele doou mais de US$100 milhões, com foco em educação, saúde mental e iniciativas sionistas nos EUA e em “Israel”.

A ênfase da fundação em “causas judaicas” reflete os esforços de outros doadores, muitas vezes abrangendo o apoio a programas como o Birthright Israel, embora os beneficiários exatos de Zalik sejam menos divulgados.

Uma doação notável inclui US$5 milhões em 2022 para o braço americano de captação de recursos do Instituto de Tecnologia Technion-“Israel” para estabelecer o Zalik Accelerator Hub em seu campus de Nova Iorque, com o objetivo de promover o empreendedorismo tecnológico.

  1. Paul Singer

Paul Elliott Singer é um bilionário americano, fundador, presidente e co-CEO da Elliott Management Corporation. Singer foi pioneiro no capitalismo abutre, comprando títulos soberanos em dificuldades, como os da Argentina e do Peru, com grandes descontos e buscando o pagamento total por meio de litígio, obtendo lucros enormes.

Por meio da Fundação Paul E. Singer, ele doou cerca de US$300 milhões desde 2010, com uma parte significativa apoiando organizações judaicas e iniciativas relacionadas ao regime israelense.

Singer tem sido um dos principais doadores de grupos como a Amigos do Exército Israelense e a Birthright. Ele também apoiou a United Hatzalah, uma organização israelense voluntária de serviços médicos de emergência.

Com mais de US$40 milhões doados a causas políticas desde 2010, ele apoiou figuras como Marco Rubio, Mitt Romney e, após oposição inicial, Donald Trump. Compõe a direção da Coalizão Judaica Republicana e é cofundador do Projeto Philos – o qual promove o apoio cristão ao regime israelense.

Singer também financia think tanks neoconservadores como o Fundação para a Defesa das Democracias e promove políticas de extrema cautela alinhadas aos interesses israelenses, principalmente contra o Irã.

  1. Haim Saban

Haim Saban, um magnata da imprensa e investidor israelense-norte-americano, mais conhecido por ter criado a Saban Entertainment, também doou dois milhões de dólares para a AIPAC.

Um importante doador democrata, Saban doou mais de US$30 milhões para causas políticas dos Estados Unidos, apoiando Bill e Hillary Clinton, Barack Obama e Joe Biden, ao mesmo tempo em que defendia ferozmente o regime israelense.

Por meio da Fundação da Família Saban, doou mais de US$500 milhões para causas sionistas. Também doou milhões para o Amigos do Exército Israelense, incluindo uma doação recorde de US$ 16,5 milhões, em 2019, para apoiar os militares israelenses.

Uma de suas principais contribuições é o Centro Saban para Política do Oriente Médio, lançado em 2002 com uma doação de US$13 milhões, com o objetivo de moldar a política dos EUA em relação à Palestina e à região.

Saban financiou diretamente a saúde e a educação na entidade sionista, notavelmente doando US$50 milhões em 2018 ao Centro Médico de Soroka.

Saban fez lobby contra políticas que ele vê como ameaças, como o acordo nuclear com o Irã (que ele chamou de “desastre” para o regime israelense), e financiou esforços para combater o movimento BDS, inclusive por meio da Coalizão “Israel” no Campus.

  1. Helaine Lerner

Helaine Lerner é uma ativista ambiental norte-americana e viúva de Sid Lerner. A ativista doou, assim como os três doadores acima, 2 milhões de dólares para a AIPAC.

Seu marido Sid era um sionista convicto e um doador significativo para organizações sionistas como o Comitê Judaico Americano. Helaine compartilhava essa identidade judaica e, como seu marido e outros doadores bilionários, ela também é proeminentemente documentada como tendo envolvimento direto e pessoal com iniciativas centradas em “Israel”.

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