O cineasta iraniano dissidente Jafar Panahi recebeu a Palma de Ouro no Festival de Cannes, na última semana, por seu filme “Foi apenas um acidente”, uma produção que críticos iranianos classificam como propaganda imperialista contra o governo revolucionário do Irã. O prêmio fez com que o governo iraniano acusasse a França de interferência em seus assuntos internos.
No discurso de aceitação, Panahi incitou os iranianos a “se unirem pela liberdade”, criticando restrições do governo. “O mais importante agora é nosso país e sua liberdade. Vamos nos unir. Ninguém deve dizer que roupas devemos usar, o que fazer ou não fazer”, dsse.
A agência de notícias Fars News, ligada ao governo iraniano, acusou o prêmio de ter “motivações políticas”, enquanto a Student News Network chamou Panahi de “agente traidor que vendeu seu país”. O ministro francês Jean-Noel Barrot elogiou o cineasta, afirmando no X que a Palma de Ouro é “símbolo de resistência contra a opressão do regime iraniano, reacendendo a esperança para lutadores pela liberdade”.
O Irã convocou o encarregado de negócios da França em Teerã, denunciando as declarações de Barrot. O ministro iraniano Abbas Araghchi respondeu no X, criticando duramente a campanha contra o país:
“Há muitas transgressões que ridicularizam o ‘ativismo de direitos humanos’ da França. Nada torna isso mais claro que a abordagem francesa ao regime de ‘Israel’ e seus crimes de guerra. Poupem-nos das lições. Vocês não têm autoridade moral alguma.”
Conhecido por seu alinhamento com o imperialismo, Panahi tem histórico de produzir filmes no exterior com apoio de financiadores norte-americanos. O filme premiado já foi descrito como uma crítica velada ao governo iraniano, que lidera a resistência ao imperialismo no Mundo Árabe.


