Brasil

Fazendeiros assassinam índio de 50 anos na Bahia

Em 2023, 208 índios foram mortos no Brasil em disputas agrárias. Diante do massacre rotineiro, os índios e movimentos pela terra precisam da autodefesa armada para resistir

Um índio de 50 anos, João Celestino Lima Filho, foi assassinado a tiros na madrugada da última sexta-feira (4) em uma fazenda no município de Prado, extremo sul da Bahia, durante um conflito fundiário. O crime ocorreu quando cerca de 20 índios da Aldeia Reserva dos Quatis, do território Comexatibá, tentaram retomar a área invadida por fazendeiros. Segundo a Polícia Civil de Teixeira de Freitas, os índios planejavam dialogar com os ocupantes e realizavam manifestações culturais em frente à sede da fazenda, quando dois homens armados abriram fogo. João foi baleado no abdômen, lutou com um dos pistoleiros, derrubando a arma, mas não resistiu e morreu no sábado (5), após ser internado no Hospital Regional Costa das Baleias.

Os suspeitos fugiram em um veículo, deixando a pistola legalizada, três munições deflagradas e um pedaço de madeira na cena. Eles alegaram que dormiam quando foram atacados por índios armados com madeira e facões, e que atiraram em legítima defesa, mas a versão é frágil: os índios não portavam armas de fogo, e os pistoleiros, armados, não justificam o assassinato. Um dos suspeitos ficou ferido e fez exame de lesão corporal. A polícia registrou o caso como tentativa de homicídio, esbulho possessório e lesão corporal, mas ninguém foi preso. A Delegacia Territorial de Prado investiga.

Os conflitos na região são impulsionados pela invasão de terras dos índios por fazendeiros. Segundo o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), em 2023, 208 índios foram mortos no Brasil em disputas agrárias. Na Bahia, a Funai reconhece o território Comexatibá como dos índios pataxós, mas a demarcação segue paralisada. Os fazendeiros lucram com gado e monoculturas em áreas roubadas, enquanto os índios lutam por seus direitos históricos.

Diante do massacre rotineiro, os índios e movimentos pela terra precisam da autodefesa armada para resistir aos pistoleiros. O Ministério dos Povos Indígenas, criado em 2023, nada faz de efetivo contra a violência, limitando-se a discursos, enquanto os índios seguem sendo mortos por invasores.

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