Europa

Extrema direita francesa se aproxima de nacionalismo africano

Marine Le Pen, da extrema direita francesa, busca explorar as debilidades de Macron para estabelecer relações com as ex-colônias francesas da África

A extrema direita francesa, liderada por Marine Le Pen, parece estar sabendo aproveitar muito bem o repúdio da população do continente negro à política de opressão do imperialismo colonial francês nas ex-colônias da África.

Em meados do ano passado, entre os meses de julho e agosto, eclodiu na África rebeliões protagonizadas por forças militares nacionalistas de países que foram colonizados pela França (Níger, Mali, Burkina Faso, Gabão, que compõem as chamadas nações do Sahel), revoltas essas apoiadas pelo conjunto da população, que gritavam nas ruas “Viva Putin e a Rússia”, exigindo, ao mesmo tempo, a retirada das tropas francesas que permaneciam nesses países mesmo depois da independência.

Agora chegou a vez do Chade, país também localizado no Sahel, ex-colônia francesa tornada independente em 1960. No final de janeiro deste ano, 180 soldados franceses que ainda estavam baseados no país deixaram a base controlada pelo imperialismo do país europeu, o último domínio militar francês na África subsaariana desde a independência.

A líder da extrema direita francesa, Marine Le Pen, e seu partido, a União Nacional, busca aproximar-se dos governos africanos que romperam com os setores mais poderosos do imperialismo mundial (norte americano e europeu), justamente aproveitando o repúdio de determinados setores nacionalistas e da população contra os opressores seculares que por décadas saquearam os países e oprimiram o povo negro do continente.

O fato é que a extrema direita francesa, através de sua representante mais popular e destacada, Marine Le Pen, pode estar fazendo da África “o topo das prioridades internacionais da França”. Isso ficou patente nas suas duas últimas campanhas presidenciais no que diz respeito à política externa do seu programa de governo. Le Pen foi se encontrar, no Chade, com a liderança do país que declarou a ruptura com os antigos colonizadores, o presidente Mahamat Idriss Déby.

A agressividade da política imperialista no continente africano devastou a região, que ostenta os mais baixos indicadores de desenvolvimento econômico, humano e social do planeta, com milhões de almas perambulando pelos países para fugir das guerras, da fome, da miséria social e dos conflitos étnicos, todos eles fomentados pelo imperialismo colonizador. É emblemática as cenas que mostram embarcações lotadas de africanos atravessando o mediterrâneo para chegar à Europa. Muitos sequer chegam ao destino devido às precárias condições do transporte, onde já foram registradas dezenas de naufrágios.  

A barbárie secular perpetrada pelos colonizadores genocidas motivou a ruptura com os representantes opressores, destacadamente os ingleses, franceses e portugueses. Embora não tenha nada a oferecer em matéria de política progressista e emancipadora às populações dos países que promoveram a ruptura com os antigos opressores, a extrema direita aparece para os novos governantes e também para a população como menos perniciosa, menos hostil e menos agressiva do que os antecessores.

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