Após seis anos de mobilizações que incendiaram o país, o Chile está prestes a voltar a ser governado pela extrema direita. José Antonio Kast emergiu como o favorito na corrida presidencial. Em sua terceira tentativa de chegar ao Palácio de La Moneda, Kast, de 59 anos, defendido uma plataforma centrada no “combate implacável ao crime” e à “imigração descontrolada”, deixando em segundo plano os temas conservadores que marcaram suas campanhas anteriores, como o aborto e o casamento entre homossexuais.
A pesquisa Cadem, divulgada recentemente, mostra Kast em empate técnico com Jeannette Jara, do Partido Comunista, nas intenções de voto para as eleições de 16 de novembro. Jara, no entanto, não teria condições de vencer Kast, pois este herdaria os votos da “direita tradicional” no segundo turno.
Kast, um declarado simpatizante do regime de Augusto Pinochet, propõe a construção de prisões de segurança máxima, o endurecimento de penas e a utilização de militares e policiais para atuar em zonas de alta criminalidade. Em um debate televisivo recente, ele defendeu que as forças de segurança sejam equipadas com armas de maior poder de fogo e carros blindados.
Apesar de o Chile ter uma das menores taxas de homicídio da América Latina (6 por 100 mil habitantes, segundo a ONU), o aumento de crimes como extorsão e assassinatos de aluguel tem alimentado uma campanha em favor da repressão. Um estudo da Ipsos indica que para 64% dos chilenos, a criminalidade é a maior preocupação.
“O plano implacável é uma declaração de guerra contra o crime organizado”, proclama o líder da extrema direita. A sua inspiração é visível: no ano passado, ele visitou a mega prisão de gangues em El Salvador, elogiando o presidente Nayib Bukele por sua “guerra contra as gangues”.
Outro pilar da campanha de Kast é o combate à imigração ilegal. Com uma estimativa de 330 mil imigrantes sem documentação no país, a maioria venezuelanos, o candidato propôs a construção de um muro de cinco metros e uma trincheira de três na fronteira com a Bolívia, além de enviar 3 mil militares para a região. Ele também defende deportações em massa e a criminalização da entrada irregular no país.




