Europa

Extrema direita alemã conquista resultado histórico

Sociais-democratas tiveram a pior derrota desde o século XIX

A aliança conservadora CDU/CSU, liderada por Friedrich Merz, ficou em primeiro lugar nas eleições parlamentares alemãs realizadas neste domingo (23), obtendo 28,6% dos votos e garantindo mais 208 assentos no Bundestag, que agora conta com 630 parlamentares da coalizão. O grande destaque, porém, foi o desempenho histórico da Alternativa para a Alemanha (AfD), partido de extrema direita, que alcançou 20,8% dos votos e assegurou 152 cadeiras — o melhor resultado da extrema direita desde a vitória do Partido Nazista, nos anos 1930.

O Partido Social-Democrata (SPD) ficou com 16,4% e 120 assentos, os Verdes obtiveram 11,6% e 85 cadeiras, enquanto o partido esquerdista Die Linke (A Esquerda, em português) surpreendeu com 8,8% e 64 lugares. O FDP (4,3%) e o BSW (4,97%) não superaram a cláusula de barreira de 5% e ficaram fora do Parlamento, assim como o SSW (Associação de Eleitores de Schleswig do Sul, em português), que elegeu apenas um deputado.

Com 83% de comparecimento às urnas — o maior desde a reunificação em 1990 —, o pleito reflete um cenário de crise econômica, imigratória e internacional que levou ao salto da AfD, que dobrou sua votação em relação a 2021, dominando a maioria dos distritos no leste do país e vencendo pela primeira vez em dois distritos do oeste. “Dobramos de tamanho! Queriam nos reduzir pela metade, e aconteceu o contrário”, celebrou Alice Weidel, liderança da AfD, que declarou estar “pronta para participar do governo” e reforçou: “nossa mão sempre estará estendida”. Friedrich Merz, no entanto, rechaçou qualquer aliança com a extrema direita, afirmando: “temos concepções bem diferentes, por exemplo na política externa e na União Europeia. Pode estender a mão como quiser”, disse em debate televisionado.

Merz, que deve assumir como próximo chanceler federal, anunciou nesta segunda-feira (24) o início das negociações para formar uma coalizão com o SPD, prometendo concluí-las até a Páscoa, em 20 de abril. “Ganhamos esta eleição”, declarou na sede da CDU, em Berlim, destacando a urgência: “o mundo lá fora não espera por longas negociações”. Ele planeja contatar Olaf Scholz e Lars Klingbeil, co-presidente do SPD, ainda hoje.

A chamada Grande Coalizão entre CDU/CSU e SPD somaria 328 assentos, mas há divergências: a CDU quer barrar imigrantes nas fronteiras e reduzir impostos, enquanto o SPD defende elevar o salário mínimo de 12,82 para 15 euros/hora e reforma no freio da dívida para financiar a Defesa. Scholz, cujo partido sofreu uma derrota histórica — o pior resultado desde o século XIX, com queda de quase 10 pontos desde 2021 —, chamou o desempenho de “amargo”, e Boris Pistorius, ministro da Defesa, o classificou como “devastador e catastrófico”. “Esta é uma noite realmente amarga”, lamentou Matthias Miersch, secretário-geral do SPD.

A composição do Bundestag sinaliza desafios adicionais. Os Verdes, com 85 cadeiras, poderiam reforçar a coalizão, mas divergem da CDU em questões como transição energética e infraestrutura.

Já o Die Linke, teve um desempenho tão surpreendente quanto suspeito, crescendo de maneira expressiva após perder 41 cadeiras no Bundestag em 2021. “Devemos nosso sucesso aos voluntários que falaram sobre o bolso das pessoas”, disse Heidi Reichinnek, uma das responsáveis pela recuperação da sigla, que saltou de 3% para quase 9%. Derrotada pela draconiana cláusula de barreira de 5% dos votos, a líder do partido BSW, Sahra Wagenknecht, anunciou que pedirá recontagem dos votos após a agremiação da esquerda radical ficar de fora por míseros 0,03 pontos percentuais.

Internacionalmente, o resultado do pleito foi destacado. “É um grande dia para a Alemanha”, escreveu Donald Trump em rede social, enquanto o presidente do Conselho Central de Judeus da Alemanha alertou: “Deve ser motivo de preocupação que um quinto dos eleitores apoie um partido que flerta com o neonazismo”.

A eleição, a primeira desde a invasão da Ucrânia e a posse de Trump nos EUA, reflete temores alemães: 65% dos eleitores, segundo pesquisa divulgada pelo jornal alemão DW, sentem o país vulnerável frente a Putin e à indiferença americana na Otan. “Os EUA estão largamente indiferentes ao destino da Europa”, disse Merz, prometendo uma Alemanha capaz de liderar a UE ao lado de França e Polônia.

Apesar do apoio de Elon Musk, JD Vance e do trumpismo à AfD, o partido não atingiu seu pico nas pesquisas de um ano atrás, frustrando expectativas de um crescimento ainda maior após ataques recentes de imigrantes. Até o novo governo ser formado, Scholz segue como chanceler interino, com o Bundestag devendo se reunir até 25 de março.

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