Recentemente vêm sendo divulgados em diversos órgãos de imprensa vídeos de mercenários do Hayat Tahrir al-Sham (HTS), milícia golpista que agora governa a Síria, realizando massacres contra a população xiita do país, assim como a alauitas, as quais aderem a vertentes da religião islâmica diferentes da vertente seguida pelo HTS.
Segundo informações da organização britânica Observatório Sírio para os Direitos Humanos, ao menos 105 ataques do HTS contra parte da população Síria ocorreram desde o início de 2025, ataques estes que resultaram no assassinato de pelo menos 228 pessoas, das quais cinco mulheres e uma criança. No início de fevereiro, 15 moradores da vila de Arza, província de Hama, noroeste da Síria, foram sequestrados e executados pelo HTS.
À luz da perseguição, o ex-primeiro-ministro do Iraque, Nouri al-Maliki denunciou a situação. Durante conferência oficial na cidade iraquiana de Karbala (cidade sagrada para os xiitas), ele exortou que ações sejam tomadas para impedir que o HTS continue massacrando xiitas e outros grupos da população Síria.
“Na Síria, seguidores de Ahl al-Bayt [xiitas] foram alvos, e todos os dias vemos vídeos de massacres contra eles”, ele disse. “Nossos irmãos na Síria estão enviando vídeos implorando, perguntando: Onde estão os xiitas do Iraque, as Forças de Mobilização Popular, o Irã e as tribos?“, declarou o ex-premiê, acrescentando que os mercenários do HTS “não só derramaram sangue, mas também violaram a honra das pessoas“.
As Forças de Mobilização Popular, no Iraque, são uma coalizão de milícias populares xiitas, as quais, com auxílio da República Islâmica do Irã (que também adere ao xiismo), derrotaram grande ofensiva do Estado Islâmico no Iraque, expulsando o grupo dos territórios os quais havia conquistado, relegando a atividade do mesmo a ações desestabilizadoras de baixa intensidade.
O HTS, por sua vez, é a continuação da Al-Qaeda na Síria. Seu líder Ahmed Hussein al-Sharaa, mais conhecido como Abu Mohammad al-Julani, o atual presidente golpista do país, fundou a Al-Qaeda na Síria em 2012, após acordo com Abu Bakr al-Baghdadi, então líder do Estado Islâmico. Ambas as organizações são da vertente salifista do islamismo, e o antagonismo religioso contra xiitas é, na essencia, um antagonismo entre tais organizações, que são utilizadas pelo imperialismo, e a ação antiimperialista, antissionista e, consequentemente, revolucionária do Irã, Hesbolá e outros grupos xiitas no Oriente Próximo.