As próximas eleições gerais na Bolívia estão marcadas para o próximo fim de semana, no dia 17 de agosto. O maior líder popular do país, o ex-presidente Evo Morales foi impedido de ser candidato pelo Tribunal Constitucional Plurinacional (TCP). Ele está pregando o voto nulo como uma forma de protesto contra o golpe eleitoral.
O ex-presidente argumenta que a sua exclusão é motivada por perseguição política e visa abrir caminho para a direita retomar o controle do regime e privatizar recursos naturais, como o lítio. Em discursos, ele tem defendido o voto nulo como uma “rebelião democrática” e um “referendo eleitoral” para rejeitar um processo que considera “ilegítimo”.
A campanha pelo voto nulo tem ganhado força entre os apoiadores de Morales e a base do MAS, especialmente na região do Chapare, seu reduto político. Pesquisas de intenção de voto indicam que a soma de votos nulos, brancos e indecisos pode superar 30% ou mais, um número que, embora não altere diretamente a apuração legal, demonstra um alto nível de insatisfação popular e pode ter um impacto significativo na legitimidade do próximo governo.
Com a perseguição de Morales, os candidatos da direita lideram as pesquisas. O racha no MAS se aprofundou com a disputa entre o presidente Luis Arce e Morales. Arce desistiu de concorrer à reeleição e indicou o ex-ministro Eduardo Del Castillo, que tem pouca popularidade. Andrónico Rodríguez, ex-aliado de Morales e atual presidente do Senado, que também viu suas intenções de voto caírem nas últimas semanas, em parte devido aos ataques de Morales, que o acusa de “traição”.
No lado da oposição, os nomes que se destacam são:
- Samuel Doria Medina (Aliança Unidade): Megaempresário de 66 anos, já concorreu à presidência diversas vezes. Suas propostas são focadas na “liberalização da economia” e na “atração de investimentos”. Lidera as pesquisas de intenção de voto, com cerca de 18%.
- Jorge “Tuto” Quiroga (Aliança Libertad y Democracia): Ex-presidente da Bolívia (2001-2002), é uma figura tradicional da direita. Quiroga aparece em segundo lugar nas pesquisas, com cerca de 18%.
- Manfred Reyes Villa (Autonomia Para Bolívia – Súmate): Ex-militar e atual prefeito de Cochabamba. As pesquisas o colocam em quarto lugar, com aproximadamente 8%.
A lei eleitoral boliviana exige que, para vencer no primeiro turno, um candidato obtenha mais de 50% dos votos válidos, ou 40% com uma vantagem de 10 pontos percentuais sobre o segundo colocado. Com a fragmentação política e o alto índice de votos nulos e indecisos, é provável que nenhum candidato atinja essa meta, levando a Bolívia a um segundo turno inédito, marcado para 19 de outubro.





