Militares dos Estados Unidos sequestraram, neste sábado (20), um segundo navio petroleiro com petróleo venezuelano em águas internacionais, ao largo da costa da Venezuela. O ataque foi confirmado pela secretária de Segurança Nacional norte-americana, Kristi Noem, que afirmou que a Guarda Costeira, com apoio do chamado “Departamento de Guerra”, realizou a ação durante a madrugada e divulgou vídeo do ataque em publicação na rede X.
Noem alegou que os EUA estariam combatendo a “movimentação ilícita” de petróleo sob sanções norte-americanas e repetiu a acusação de “narco-terrorismo” para justificar a escalada. A operação ocorre poucos dias depois de Donald Trump anunciar um bloqueio “total e completo” contra petroleiros que, segundo Washington, estariam envolvidos no comércio de petróleo venezuelano.
De acordo com informações atribuídas a autoridades norte-americanas ouvidas pela Reuters sob anonimato, a operação estaria sob comando da Guarda Costeira, sem divulgação de coordenadas do local do sequestro. Uma das fontes afirmou que o navio teria parado e permitido a entrada dos militares. Já a CNN relatou que, diferentemente de um caso ocorrido em 10 de dezembro, o petroleiro interceptado neste fim de semana não estaria ele próprio sob sanções e transportava petróleo venezuelano com destino à Ásia.
A agência Bloomberg informou ainda que o navio teria bandeira do Panamá e seria controlado por interesses chineses, o que adiciona tensão diplomática ao episódio. Em paralelo, a Casa Branca se recusou a detalhar a área da operação, ampliando a falta de transparência sobre a dimensão do cerco naval no Caribe.
Bloqueio e ameaça de força militar
A ofensiva é parte de um aumento da pressão norte-americana desde setembro, com deslocamentos navais, sequestros de embarcações e ataques na região, apresentados por Washington como ações “antidrogas”. Trump, ao defender a escalada, acusou a Venezuela de “roubar” ativos petrolíferos dos EUA e declarou que Washington “quer de volta”, ameaçando empregar a “maior armada já reunida na história da América do Sul”. O governo norte-americano também não descartou ações adicionais, incluindo ataques em terra, segundo declarações atribuídas ao próprio Trump.
Venezuela denuncia pirataria e promete levar caso à ONU
O governo venezuelano repudiou o ataque e denunciou roubo e sequestro do navio, bem como a “desaparição forçada” de sua tripulação, responsabilizando diretamente os militares norte-americanos. Em nota, a vice-presidenta Delcy Rodríguez classificou o episódio como “grave fato de pirataria” e afirmou que se trata de uma agressão destinada a estrangular a economia venezuelana e abrir caminho para o controle estrangeiro sobre as reservas do país.
O comunicado venezuelano menciona violações a normas internacionais e anuncia que Caracas apresentará denúncia ao Conselho de Segurança da ONU e a outros organismos multilaterais, além de buscar apoio de governos em todo o mundo. O presidente Nicolás Maduro também acusa Washington de perseguir mudança de regime para tomar o petróleo venezuelano.
Cuba condena e Rússia e China pedem contenção
Cuba condenou o sequestro do navio e da tripulação, classificando a ação como pirataria e terrorismo marítimo e alertando que a provocação visa ampliar a agressão contra a Venezuela e se apoderar de seus recursos naturais.
Rússia e China também se pronunciaram. O porta-voz do Crêmlin, Dmitry Peskov, advertiu que a escalada pode levar a “desdobramentos imprevisíveis”. O Ministério das Relações Exteriores chinês declarou oposição ao unilateralismo e à intimidação, afirmando apoiar o direito soberano da Venezuela de comerciar livremente.




