Os Estados Unidos impuseram novas sanções abrangentes à rede internacional de transporte marítimo do Irã, acusando-a de desviar ilegalmente dezenas de bilhões de dólares em receita petrolífera para o governo iraniano.
As sanções, anunciadas na quarta-feira (30), atingem mais de 100 pessoas físicas, empresas e embarcações que o Departamento do Tesouro norte-americano descreveu como parte de um “vasto império de transporte marítimo” comandado pelo comerciante Mohammad Hossein Shamkhani, filho de Ali Shamkhani, um conselheiro sênior do aiatolá Ali Khamenei.
O Tesouro acusou Shamkhani de usar a influência do pai para construir uma frota de petroleiros e navios porta-contêineres que movimentam bilhões de dólares em petróleo e derivados do Irã e da Rússia para compradores ao redor do mundo — incluindo a China — de forma supostamente ilegal e por meio de camadas de empresas de fachada. A rede foi acusada de “burlar sanções, lavar dinheiro e encobrir rastros documentais”.
Entre os alvos das sanções estão 12 pessoas — incluindo cidadãos da França, Reino Unido e Itália — além de 52 embarcações e 15 empresas de transporte marítimo, uma delas sediada na Suíça.
“O império de transporte marítimo da família Shamkhani destaca como as elites do regime iraniano usam suas posições para acumular enorme riqueza e financiar o comportamento perigoso do regime”, disse o secretário do Tesouro, Scott Bessent.
“Essas ações colocam os Estados Unidos em primeiro lugar, ao mirar elites do regime que lucram enquanto Teerã ameaça a segurança do nosso país.”
As sanções — consideradas o pacote mais massivo contra o Irã desde 2018 — fazem parte da política de “pressão máxima” do presidente norte-americano Donald Trump para acabar com o programa de enriquecimento de urânio do Irã. Elas ocorrem após os recentes ataques conjuntos dos Estados Unidos e de “Israel” contra instalações nucleares iranianas em Fordow, Natanz e Isfahan.
O governo iraniano condenou as sanções, classificando-as como ilegais. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Ismail Baghaei, afirmou na quinta-feira (31) que as medidas são um claro sinal da “hostilidade dos formuladores de políticas americanas contra o povo iraniano” e que o verdadeiro objetivo seria paralisar o desenvolvimento do país.
As atividades de enriquecimento de urânio do Irã são vistas há muito tempo pelo imperialismo como uma tentativa encoberta de desenvolver armas atômicas. O Irã nega repetidamente essa acusação, afirmando que seu programa nuclear tem fins exclusivamente pacíficos. O país também advertiu que não se submeterá às exigências dos Estados Unidos sob pressão, classificando as sanções como atos de intimidação e ameaça.



