Nesta quarta-feira (22), ocorreu uma audiência no Senado dos Estados Unidos promovida pela Bancada sobre Controle Internacional de Narcóticos. Nela, senadores republicanos e democratas, bem como ex-oficiais norte-americanos de contraterrorismo, dedicaram-se a elaborar mais um pretexto para justificar a agressão dos EUA à Venezuela.
O pretexto da vez: que a Venezuela, sob o chavismo, e especialmente sob o governo de Nicolás Maduro, teria se tornado a principal base do Hesbolá na América Latina.
O partido libanês, uma organização revolucionária de orientação xiita, parte do Eixo da Resistência, foi, até novembro 2024, a força militar que mais atuou em apoio ao povo palestino e sua resistência contra o genocídio perpetrado por “israel”, pelos EUA e demais países imperialistas.
Em face de ser um partido revolucionário, que travou inúmeras lutas vitoriosas contra “israel” e contra o imperialismo no Líbano, o Hesbolá é há anos considerado organização terrorista pelos EUA, mesmo sendo um dos principais partidos no Líbano, inclusive fazendo parte do governo.
Desde novembro de 2024, quando o Hesbolá forçou “israel” a aceitar um cessar-fogo, em razão da profunda crise migratória e econômica que as ações da Resistência Islâmica causaram no território ocupado pela entidade sionista, o imperialismo e o sionismo vêm realizando uma ofensiva mundial para desarmar e eventualmente destruir o Hesbolá, ofensiva que é também contra a República Islâmica do Irã, país que lidera o Eixo da Resistência, do qual também faz parte do Hamas, partido que lidera a Resistência Palestina.
Nessa conjuntura, durante a audiência no Senado dos EUA, inúmeros funcionários do imperialismo afirmaram que o governo de Nicolás Maduro “transformou o país em um refúgio seguro para um dos grupos terroristas mais perigosos do mundo, dando-lhe acesso a rotas de tráfico de drogas, documentos falsificados e uma porta de entrada para o Hemisfério Ocidental”, conforme noticiado pela emissora norte-americana Fox News.
Desde o início do segundo governo Trump, atual governo de turno do imperialismo norte-americano, o imperialismo vem intensificando a sua mais recente ofensiva golpista contra o governo Maduro, o chavismo, e o povo venezuelano, ofensiva esta que se iniciou ainda durante o governo Biden, em 2025, quando das últimas eleições presidenciais na Venezuela.
Recentemente, sob o pretexto de combater o tráfico de drogas, os EUA mobilizaram navios de guerra para os mares próximos à Venezuela, e vem atacando embarcações na região.
Agora, a audiência no Senado, o imperialismo utiliza um suposto apoio do governo Maduro ao que eles chamam “terrorismo” como pretexto para intensificar a agressão à Venezuela.
Um dos funcionários do imperialismo ouvido pelo Senado foi Marshall Billingslea, ex-subsecretário de do Departamento do Tesouro dos EUA para o Combate ao Financiamento do Terrorismo. Ele declarou que, sob o governo Maduro, “a extensão e a profundidade da presença do Hesbolá na Venezuela expandiram-se drasticamente” e que “a Venezuela é um porto seguro para o que continua sendo a organização terrorista estrangeira mais letal e perigosa para os Estados Unidos“.
Ele também afirmou que o governo Maduro teria permitido ao Hesbolá estabelecer um centro de treinamento militar na Ilha de Margarita, na costa venezuelana. Billingslea também disse que a Agência Venezuelana de Passaportes, anteriormente liderada por Tareck El Aissami, teria facilitado “a emissão de um grande número de passaportes para membros do Hesbolá e do Hamas”. Assim como as demais acusações feitas pelo governo norte-americano, Billingslea não apresentou provas. No entanto, ainda que fosse verdade, a Venezuela não apenas têm o direito de emitir passaportes para quem quiser, como também estaria dando uma demonstração do caráter anti-imperialista do regime chavista e de apoio efetivo ao povo palestino e sua Resistência.
Para continuar com a farsa do tráfico de drogas para justificar as criminosas agressões à Venezuela, o funcionário do imperialismo faz falsas acusações de que o Hesbolá estaria envolvido com o tráfico de cocaína, pura calúnia para fins de perseguição política ao partido revolucionário e àqueles que o apoiam.
Conforme noticiado pelo portal de notícias MercoPress, durante a audiência no Senado, “especialistas observaram que áreas como a Tríplice Fronteira (Paraguai, Brasil e Argentina) são pontos-chave de financiamento, com até um terço do financiamento anual estimado do Hesbolá — cerca de US$ 200 milhões — potencialmente originado da América do Sul”. Não é a primeira vez que os EUA utiliza, uma suposta presença do Hesbolá na Tríplice Fronteira para justificar a maior penetração do imperialismo na região, chegando inclusive a anunciar a criação um “centro antiterrorista” no lado paraguaio.
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Na audiência, o presidente Colombiano, Gustavo Petro, também foi mencionado. Matthew Levitt, outro ex-funcionário do Tesouro dos EUA, afirmou que “antes deste governo, havia muito mais esforço conjunto” com os EUA para combater uma suposta presença do Hesbolá na Colômbia. Há alguns dias, Donald Trump acusou Petro de ser um traficante de drogas. Estes acontecimentos mostra que o imperialismo já começou uma ofensiva contra o presidente colombiano utilizando-se do mesmo modus operandi de que se vale contra Nicolás Maduro, presidente da Venezuela.
Outro a falar perante o Senado foi o embaixador Nathan Sales, ex-coordenador de contraterrorismo do Departamento de Estado. Segundo a Fox News, o funcionário do imperialismo pediu que mais países latino-americanos — especialmente Brasil e México — designassem o Hesbolá como um todo como uma organização terrorista, mostrando que a ofensiva do sionismo e do imperialismo contra a Palestina no Brasil irá se aprofundar.
Ainda, o senador republicano Bernie Moreno declarou que o governo Trump irá dar um golpe de Estado contra o governo venezuelano: “Acho que vamos libertar a Venezuela. Esse será um dos muitos legados do presidente Trump. Já passou da hora, e acho que seus dias estão contados“, disse Moreno, acrescentando que “ficaria surpreso se [Maduro] ainda estivesse na Venezuela até o final deste ano“,
Segundo a Fox News, a declaração de Moreno sinaliza uma confiança crescente de que o governo Trump poderá em breve buscar um golpe de Estado na Venezuela.
Mostrando que o imperialismo norte-americano está unificado em sua ofensiva golpista contra a Venezuela, bem como no combate ao Hesbolá (e ao Eixo da Resistência – atualmente a coalizão de forças mais revolucionária no mundo), Fox News afirmou que “o tom bipartidário, raro no Congresso atual, ressaltou o que os legisladores chamaram de perigo claro e presente — um regime sancionado no quintal dos Estados Unidos dando cobertura a um grupo terrorista global”.
Nessa conjuntura de ofensiva imperialista, recentemente a Venezuela assinou com a Rússia Tratado de Parceria Estratégica de 10 anos para fortalecer a cooperação bilateral, conforme noticiado pela emissora TV Brics. A cooperação com o Irã também vem sendo fortalecida nos últimos dois anos, a ponto de que os EUA estariam preocupados com a cooperação da Venezuela com o Irã em drones. Conforme relatório publicado há cerca de um mês pelo Miami Herald, a Venezuela já teria se tornado um dos países mais avançados da América Latina na produção de drones, incluindo drones de ataque, por meio de cooperação não pública com o Irã.





