Bahia

Estudantes protestam contra PM após assassinato e são reprimidos

Protesto contra o assassinato da estudante Ana Luiza dos Santos Silva, de apenas 19 anos, pela PM de Jerônimo Rodrigues (PT) foi respondida com mais brutalidade

Na última segunda-feira (14), estudantes e moradores do bairro Engomadeira, em Salvador, Bahia, foram reprimidos pela Polícia Militar durante um protesto contra o assassinato da jovem Ana Luiza dos Santos Silva, de 19 anos, em uma operação policial no domingo (13). A manifestação, que exigia justiça, terminou em tumulto, com a PM usando bombas de efeito moral e gás de pimenta, que se espalhou pelas casas da região.

Ana Luiza foi baleada no abdômen enquanto voltava da casa de uma amiga. Seu sepultamento ocorreu na segunda-feira, no Cemitério da Ordem 3ª de São Francisco, na Baixa de Quintas. No domingo, a comunidade já havia realizado um protesto com barricadas e cartazes, cobrando um posicionamento da PM, o que desviou o transporte público local.

Na segunda, as mobilizações continuaram em dois pontos: uma barricada com fogo na entrada do bairro, bloqueando as vias, e uma passeata com balões e faixas na Estrada das Barreiras. Os ônibus seguiam sem circular na região até a manhã do último dia 15.

Segundo moradores, o protesto era pacífico até que vândalos atacaram os policiais com granadas e fogos de artifício. A PM respondeu com violência, dispersando os manifestantes e causando pânico. Vídeos divulgados pela imprensa local mostram nuvens de gás e correria. A Secretaria de Segurança Pública da Bahia não divulgou detalhes sobre a operação que matou Ana Luiza nem sobre a repressão ao protesto. Dados do Instituto Sou da Paz indicam que, em 2024, 67% das mortes por intervenção policial na Bahia envolveram vítimas negras, como Ana Luiza, evidenciando o impacto desproporcional dessas ações nas periferias.

A morte de Ana Luiza não é um caso isolado. O Fórum Brasileiro de Segurança Pública registrou 6.456 mortes por policiais no Brasil em 2023, com a Bahia entre os cinco estados mais letais. Em Salvador, comunidades como Engomadeira sofrem com operações frequentes, que resultaram em 312 mortes em 2024, segundo o Observatório da Segurança.

Os estudantes tinham toda razão em protestar contra o assassinato de sua colega. Diante da brutalidade da PM baiana, a mobilização poderia ser ainda mais radicalizada. A repressão aos manifestantes é um crime que reforça o caráter da polícia como arma contra o povo. As forças policiais, que agem para proteger interesses contrários à população, devem ser extintas para garantir a segurança e a justiça.

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