Nessa sábado (22), foi publicado no portal Brasil 247 um artigo chamado O último capítulo do genocídio, assinado por Chris Hedges.
A tese defendida no artigo é a de que os palestinos estariam chegando à sua derrota final. Eles não teriam opções, segundo ele. Uma tese que, na nossa opinião, é completamente oposta da realidade. Vejamos seus argumentos principais.
“Este é o último capítulo do genocídio. É o empurrão final e sangrento para expulsar os palestinos de Gaza. Sem comida. Sem remédios. Sem abrigo. Sem água potável. Sem eletricidade. Israel está rapidamente transformando Gaza em um caldeirão dantesco de miséria humana, onde palestinos são mortos às centenas e, em breve, novamente, aos milhares e dezenas de milhares — ou serão forçados a sair para nunca mais voltar.”
Não há dúvida que o objetivo de “Israel” é acabar com Gaza e com os palestinos. Não há dúvida que o cenário é catastrófico como pinta o autor. Mas não é verdade que estamos no capítulo final do genocídio, no sentido que diz o colunista.
Embora as intenções dos sionistas possam ser essas, a política de extermínio total dos palestinos não é viável. E essa inviabilidade ficou mais do que provada no fato de que o povo palestino, mas principalmente a Resistência Palestina, não foram exterminados mesmo após cerce de dois anos de bombardeios intensos.
O cessar-fogo foi uma derrota enorme para “Israel”. Pela primeira vez na história, o sionismo não conseguiu derrotar militarmente uma força inimiga. Nesse caso, não um exército de outro país, mas um grupo de tipo guerrilheiro.
“O capítulo final marca o fim das mentiras israelenses. A mentira da solução de dois Estados. A mentira de que Israel respeita as leis da guerra que protegem civis. A mentira de que bombardeia hospitais e escolas apenas porque são usados como bases pelo Hamas. A mentira de que o Hamas usa civis como escudos humanos, enquanto Israel rotineiramente obriga palestinos cativos a entrarem em túneis e edifícios possivelmente armadilhados antes das tropas. A mentira de que o Hamas ou a Jihad Islâmica Palestina (PIJ) são responsáveis — frequentemente acusados de lançar foguetes errantes — pela destruição de hospitais, instalações da ONU ou pelas mortes em massa de civis. A mentira de que a ajuda humanitária é bloqueada porque o Hamas sequestra caminhões ou contrabandeia armas. A mentira de que bebês israelenses foram decapitados ou que ocorreram estupros em massa cometidos por palestinos. A mentira de que 75% dos mortos em Gaza eram ‘terroristas’. A mentira de que o Hamas, por supostamente se rearmar e recrutar, é o responsável pelo colapso do cessar-fogo.”
Como vemos, o colunista realmente é um defensor do povo palestino. Ele está certo em suas colocações sobre as mentiras dos sionistas. Seu erro é sua conclusão pessimista.
Os novos bombardeios não são um capítulo de uma vitória de “Israel”. Pelo contrário, eles expressam o desespero de Netaniahu, que tenta restabelecer um equilíbrio no regime político do País após a derrota com o cessar-fogo.
Se há um capítulo final, ele está mais próximo do fim do Estado de “Israel” do que dos palestinos. O povo palestino não foi exterminado agora, como não foi desde o início da ocupação sionista, que data de antes da criação do próprio Estado de “Israel” em 1948.
O colonizador pode dominar por muito tempo, mas seus tempos de ditadura tem prazo de validade. Esse prazo parece ter sido definido pela ação do Hamas e de toda a Resistência em 7 de outubro de 2023.
“Israel” é um país artificial e seu regime político é cada vez mais podre. A ação da resistência é revolucionária e vai derrotar o sionismo. O pessimismo não apenas é um erro político de avaliação, mas acaba sendo uma arma contra a luta.