Política internacional

Estados Unidos querem a reedição da Doutrina Monroe

A Estratégia de Segurança Nacional, publicada nesta sexta-feira (5), considera a América Latina o espaço fundamental de atuação do imperialismo norte-americano

A Casa Branca publicou, nesta sexta-feira (5), um documento de 33 páginas que contém as diretrizes estratégicas e os objetivos da nova Estratégia de Segurança Nacional do governo de Donald Trump.

A nova Estratégia de Segurança Nacional estabelece uma mudança de prioridades em relação à política externa dos Estados Unidos. Em primeiro lugar, será feito um esforço para restabelecer uma “Doutrina Monroe”, uma espécie de reedição da política de “América para os americanos”, que marcou o século XIX. A América Latina voltará a ser o espaço privilegiado de projeção de poder político e influência, em detrimento de uma atuação mais global na Ásia e na Europa, característica das últimas décadas.

Um dos pontos fundamentais é a atuação voltada para a redução da presença de países não ocidentais no continente americano, em referência direta à China. Atualmente, os chineses mantêm relações comerciais com diversos países e, inclusive, são o maior parceiro comercial do Brasil. A presença militar americana, já consolidada em todo o continente, tornar-se-á mais ostensiva, e prevê-se uma escalada das intervenções norte-americanas em questões de política interna dos países.

O documento considera que a influência desses países é difícil de reverter. Porém, a administração americana avalia que as relações dos países da América Latina com a China são guiadas mais por interesses comerciais do que por alinhamento ideológico. Ou seja, seria possível, por meio de uma política de acordos econômicos vantajosos, atuar para mudar essa situação em favor dos interesses dos Estados Unidos.

A presença militar americana, que se projeta globalmente com mais de 800 bases e instalações militares distribuídas por 80 países e territórios, será direcionada para enfrentar o que se caracteriza como ameaças urgentes no Hemisfério, a começar pelo combate à imigração massiva e aos cartéis de drogas. Dentro dessa ótica, os Estados Unidos têm ameaçado realizar um ataque à Venezuela sob o pretexto de combater o “narcoterrorismo”. Até agora, já foram bombardeadas pelo menos 23 embarcações que supostamente transportavam drogas e assassinando 87 pessoas. A presença de bases navais dos EUA no Mar do Caribe é considerada estratégica.

A mudança do foco estratégico da política externa reflete as duras derrotas do imperialismo na atualidade, particularmente nos últimos cinco anos. A expulsão do Afeganistão, após 20 anos de ocupação (2001-2021), a ofensiva russa na guerra da Ucrânia e a derrota diante da resistência palestina na Faixa de Gaza colocaram o imperialismo em uma nova posição. Cabe destacar, dentro desse cenário, os golpes de Estado promovidos por militares nacionalistas que derrubaram governos alinhados ao imperialismo em países africanos como Níger, Guiné-Bissau, Gabão e Mali.

As ameaças de agressão militar à Venezuela são expressão da crise geral do sistema imperialista. O governo Donald Trump, que afirmava em sua campanha eleitoral que acabaria com as “guerras eternas”, está sendo forçado a adotar uma política agressiva e, com isso, entrar em choque com sua própria base eleitoral. Por sua vez, a situação econômica interna nos Estados Unidos é preocupante, uma vez que se verifica o aumento da miséria. Recentemente, ocorreu um impasse político entre os partidos Democrata e Republicano na votação do orçamento da União, paralisando o pagamento de salários de servidores públicos e benefícios para civis e militares por mais de um mês.

O documento destaca ainda o papel estratégico da ilha de Taiuan, atualmente a maior produtora de chips de inteligência artificial do planeta. O Japão e a Coreia do Sul são elencados como principais parceiros regionais, com quem se buscará compartilhar as responsabilidades de segurança. Os gastos de defesa devem ser elevados nesses países, com a finalidade de dissuadir potenciais adversários e, sobretudo, liberar recursos do orçamento americano.

O continente europeu é descrito como em declínio civilizacional. O documento prevê que, em algumas décadas, a OTAN não será mais majoritariamente europeia e destaca a contradição existente entre os anseios de paz dos povos em relação à guerra da Ucrânia e a política belicista dos governos, o que é considerado uma subversão do processo democrático.

O imperialismo norte-americano, isto é, os grandes monopólios e o capital financeiro que controlam o aparelho estatal, precisa colocar ordem em sua esfera de influência fundamental, muitas vezes chamada de seu “quintal”, como é o caso do continente americano. Contudo, é evidente que a pressão se fará sentir no mundo inteiro. Não é segredo que o bloco imperialista, em conjunto, prepara uma agressão militar contra russos e chineses. Não é possível que o imperialismo conviva com tamanho questionamento ao seu sistema de dominação global.

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