Nesta terça-feira (9), uma porta-voz da Casa Branca sugeriu que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, poderia usar força militar contra o Brasil após dois ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes e Flávio Dino, disseram que votariam para condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por suposta “tentativa de golpe”.
Falando durante uma coletiva de imprensa diária, Karoline Leavitt, disse que Trump “tomou medidas significativas em relação ao Brasil na forma de sanções e também usando o recurso de tarifas”. Além de impor tarifas de 50% sobre importações brasileiras, Trump sancionou recentemente Alexandre de Moraes por meio da Lei Magnitsky.
Leavitt afirmou que Trump estaria atuando em defesa da “liberdade de expressão”, dizendo que “esta é uma prioridade para o governo, e o presidente não tem medo de usar o poder econômico, o poder militar dos Estados Unidos da América, para proteger a liberdade de expressão em todo o mundo”. Ainda que a declaração não tenha sido acompanhada de nenhuma medida efetiva, trata-se de uma ameaça criminosa. Ela ocorre no mesmo momento em que os Estados Unidos enviaram navios de guerra para a costa da Venezuela, indicando que pode intervir militarmente na América do Sul a qualquer momento.
Demonstrando apoio à política do STF que está levando a uma crise entre o Brasil e o governo norte-americano deputada federal Erika Hilton (PSOL) chamou a justificativa de “liberdade de expressão” de Leavitt de “ridícula”. Ocorre que, ainda que a ingerência norte-americana seja inaceitável, Bolsonaro está sim com a liberdade de expressão cerceada — ele, mesmo antes de ser condenado, está proibido de usar as redes sociais.
O governo brasileiro se pronunciou de maneira inacreditavelmente tímida diante do ocorrido. O Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores, publicou uma nota curta, em que dizia que “o governo brasileiro condena o uso de sanções econômicas ou ameaças de uso da força contra a nossa democracia” e que o “primeiro passo para proteger a liberdade de expressão é justamente defender a democracia e respeitar a vontade popular expressa nas urnas”.
O Itamaraty, que se negou a reconhecer o resultado da vontade popular expresso nas urnas na Venezuela, sequer citou, na nota supostamente em defesa do Brasil, os Estados Unidos como aquele que está ameaçando a integridade nacional.





