Polêmica

Esquerda se opunha ao direito de Lula receber visitas na prisão?

Jornalista defende para Bolsonaro o oposto do que defendia para Lula

No artigo Bolsonaro está livre para conspirar, publicado pelo Brasil 247 no dia 10 de agosto, o jornalista Alex Solnik defende de forma velada que Jair Bolsonaro seja submetido a um regime de isolamento ainda mais duro, chegando a cogitar que ele deveria estar em “preventiva num quartel”, e não em prisão domiciliar. Para sustentar isso, critica que aliados como Ciro Nogueira e Tarcísio possam visitá-lo, afirmando que “ninguém sabe o teor das conversas” (!) e que, por isso, as visitas não deveriam ocorrer.

Se levada a sério, essa mesma posição impediria, por exemplo, que Fernando Haddad tivesse visitado Lula em Curitiba durante a farsa judicial da Lava Jato. Afinal, quando Lula estava preso por ordem do mesmo Judiciário golpista, esperava-se que “ninguém soubesse o teor” das conversas dele com seus aliados também.

O texto de Solnik chega a tratar a prisão domiciliar de Bolsonaro como um “prêmio”, dizendo que ele “continua comandando a organização criminosa miliciana diretamente do seu spa”. O problema não é reconhecer que Bolsonaro é um inimigo político e conspirador ativo, mas sim defender, em nome de combatê-lo, que se retirem direitos democráticos básicos, como o de receber visitas, conversar com aliados ou se expressar politicamente.

A experiência da própria esquerda brasileira demonstra o absurdo dessa posição. Foi justamente com o argumento de que Lula poderia continuar articulando atividades “corruptas” que Sérgio Moro e a operação Lava Jato tentaram isolar o ex-presidente, inclusive proibindo-o de comparecer ao enterro de seu irmão e de dar entrevistas. A imprensa golpista aplaudiu. A mesma imprensa e o mesmo Judiciário que, agora, segundo Solnik, estariam “falhando” com Bolsonaro.

Mais grave ainda é que esse tipo de postura, mesmo vinda de setores que se dizem progressistas, alimenta e legitima o aparato repressivo do Estado, que invariavelmente é usado contra a esquerda. Hoje, o alvo é Bolsonaro; amanhã, será qualquer integrante movimento operário, estudantil ou dirigente popular. Em nome da “luta contra o bolsonarismo”, aceita-se que se ampliem os poderes do STF, da Polícia Federal e de todo o aparato que, na verdade, é controlado pela direita e pelo imperialismo.

O resultado dessa política é o oposto do que se pretende: não enfraquece a extrema direita, mas fortalece o Estado contra todos, inclusive contra quem hoje pede mais repressão. Foi assim com a Lava Jato — que nasceu atacando “corruptos” do PMDB e do PP e acabou criando as condições para derrubar Dilma Rousseff (PT), prender Lula e intervir nas eleições.

Defender que Bolsonaro seja “isolado” sob tais argumentos é abrir caminho para que amanhã qualquer militante, dirigente sindical ou partido seja impedido de falar, de se reunir e de se organizar.

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