O Partido Livre, principal força progressista em Honduras, protocolou um pedido formal para anulação da contagem de votos das recentes eleições presidenciais, realizadas no último domingo, após identificar graves irregularidades no sistema de Transmissão de Resultados Eleitorais Preliminares (TREP) e na apuração final dos votos.
O partido acusa práticas sistemáticas de manipulação para adulterar a vontade popular, incluindo o bloqueio intencional das atas eleitorais em regiões que historicamente são fortes bases de apoio ao Livre, além da interferência direta de aliados do Partido Nacional, seu principal adversário.
A candidata do Livre, Rixi Moncada, foi enfática ao denunciar que o processo eleitoral está sendo alvo de um verdadeiro “golpe eleitoral em curso”. Ela atribui a responsabilidade desse golpe a uma aliança entre a burguesia local hondurenha e o governo dos Estados Unidos, sob o governo de Donald Trump. Relatando o apoio norte-americano, incondicional ao candidato Nasry Asfura do partido Nacional.
“Ordenamos que a interferência estrangeira e o crime de traição contra a pátria sejam denunciados perante a ONU, a OEA, a CELAC e outras organizações internacionais”
Segundo Moncada, essa aliança teria imposto coerção sobre eleitores, utilizando ameaças diretas ao envio de remessas econômicas — uma fonte vital de renda para muitas famílias hondurenhas — como forma de pressionar o voto. Além disso, foi denunciada uma manipulação tecnológica no sistema de transmissão dos votos, cujo objetivo foi o de favorecer o candidato do imperialismo.
Esse contexto revela o papel histórico do imperialismo norte-americano, que tem tradicionalmente atuado nos processos políticos da América Central para defender interesses estratégicos e econômicos próprios e garantir regimes alinhados à sua política.
No caso de Honduras, o Partido Livre aponta que a interferência dos EUA foi decisiva para barrar o avanço da oposição à Asfura, favorecendo a manutenção de governos locais ligados à burguesia local e ao narcotráfico. O indulto concedido pelo atual governo a Juan Orlando Hernández, ex-presidente suspeito de envolvimento com o tráfico de drogas, é citado como parte do esquema de impunidade que o imperialismo ajuda a sustentar para manter sua influência no país. Regiões importantes do país, reconhecidas como redutos eleitorais do Livre, como Olancho, Colón e Santa Bárbara, sofreram bloqueios na transmissão dos seus resultados por vários dias, situação que o partido qualificou como manifestação clara de uma “mão negra” operando para manipular o resultado eleitoral.
Essa interferência afetou diretamente a transparência e legitimidade do pleito, gerando um clima de tensão e desconfiança generalizada na população de Honduras.
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) de Honduras reconheceu as falhas no processo, admitindo as demoras significativas na apuração dos votos e a indisponibilidade do site oficial para divulgação dos resultados. O órgão abriu um prazo até o dia 8 de dezembro para o protocolo de ações formais que proponham a anulação dos resultados eleitorais, o que mantém viva a possibilidade de revisão do pleito. Até o momento, mais de 1,4 milhão de votos ainda aguardam a completa contagem, deixando uma margem matemática para que Rixi Moncada possa ser declarada vencedora.
Diante desse cenário, o Partido Livre convocou sua militância para se manter em estado de mobilização constante, em “pé de luta” até que a totalização ocorra de forma justa e transparente.
O partido também anunciou a realização de uma coletiva de imprensa, prevista para a próxima segunda-feira, na qual detalhará sua posição, apresentará as evidências das irregularidades denunciadas e exigirá uma investigação internacional independente para garantir a transparência e a legitimidade do processo eleitoral em Honduras.





