A Declaração de Nova Iorque, emitida após uma reunião de cúpula da Organização das Nações Unidas (ONU), está entre os documentos mais abjetos e cínicos já produzidos pelo imperialismo. Nele, países como a França, que sustentaram e sustentam até hoje o genocídio na Faixa de Gaza, apresentam uma lista de reivindicações à população de Gaza. Entre elas, o desarmamento total da Resistência — em especial, de sua vanguarda, o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) —, a realização de novas eleições controladas pela Autoridade Palestina, a destituição do governo do Hamas da Faixa de Gaza e uma reforma no sistema educacional.
Quanto ao Estado de “Israel”, não há nenhuma reivindicação séria. O suposto reconhecimento do Estado da Palestina e a condenação genérica da situação humanitária aparecem apenas como cobertura para as reivindicações criminosas do imperialismo.
O documento é um apelo aberto a um golpe de Estado na Palestina. Os países mais armados do mundo, que reúnem milhares de ogivas nucleares, pedem a um povo que sequer teve direito a constituir um Estado a se desarmar. E pedem a esse mesmo povo, que decidiu dar a própria vida para alcançar a sua libertação, que não escolha os seus governantes, mas sim que aceite um governo corrupto e criminoso, o governo da Autoridade Palestina, que não passa de um fantoche do sionismo.
É a velha política imperialista de ingerência sobre os países, como visto recentemente na Venezuela. Aqui, o caso é ainda mais grotesco porque ocorre enquanto uma população sofre processo de genocídio.
Que o imperialismo seja capaz de fazê-lo, não deveria causar espanto. Afinal, há 80 anos, o mesmo imperialismo jogou bombas atômicas em duas cidades japonesas, assassinando centenas de milhares de pessoas em um único ato.
O que é espantoso, no entanto, é a posição do governo brasileiro, chefiado pelo Partido dos Trabalhadores (PT). Em vez de condenar a declaração, o governo resolveu endossar a articulação dos países imperialistas. Tudo em nome de uma aliança pela “democracia” que, na verdade, apenas servirá para promover o fascismo no mundo inteiro. Afinal, não há nada mais fascista que o Estado de “Israel” hoje.
O problema não está apenas no Partido dos Trabalhadores. À exceção do Partido da Causa Operária (PCO), a esquerda brasileira inteira se calou diante da declaração, em apoio tácito à operação imperialista. O caso revela que, assim como o PT, o conjunto da esquerda pequeno-burguesa está completamente dominado pela política de “defesa da democracia” — isto é, de aliança com os países imperialistas.
No caso de Gaza, não há como ter dúvidas. A aliança com o imperialismo é a aliança com o genocídio. É a aliança com o fascismo. É a aliança com o plano de exterminar por completo o povo palestino.





