Nesta segunda-feira (21), mais de mil pessoas participaram de reunião para a criação de um novo partido de esquerda no Reino Unido, em oposição ao Partido Trabalhista e aos demais partidos do imperialismo britânico.
Conforme publicação compartilhada pela parlamentar independente Zarah Sultana, a reunião contou com a participação de membros dos seguintes sindicatos: Sindicato Unite (Unite the Union), Sindicato das Universidades e Faculdades (University and College Union), Sindicato Nacional da Educação (National Education Union), Sindicato Unison (Unison), Sindicato do Serviço Público e Comercial (Public and Commercial Services Union), além de outros.
Na reunião foi discutida “a necessidade de construir, com os sindicatos e os sindicalistas no centro, um novo partido contra a austeridade e contra a guerra”. Também participaram da reunião Jeremy Corbin, que foi expulso do Partido Trabalhista em 2024. Ele já havia sido líder do partido, mas sua oposição ao sionismo, em defesa da Palestina, levou à sua perseguição pelo próprio partido imperialista, à sua suspensão e, eventualmente, à expulsão. No mesmo ano em que foi expulso, ele foi eleito como parlamentar independente.
Sultana também participou da reunião. Ela anunciou sua desfiliação do Partido Trabalhista no início deste mês. Ela já vinha atuando como parlamentar independente após ter sido suspensa pelo partido. Quando anunciou sua desfiliação, Sultana publicou declaração se opondo à política neoliberal do Partido Trabalhista, bem como a participação ativa deste partido e de seu líder (Keir Starmer, atual primeiro-ministro) no genocídio contra a Palestina. Leia na íntegra:
“Hoje, após 14 anos, estou me desfiliando do Partido Trabalhista.
Jeremy Corbyn e eu vamos cofundar um novo partido, com outros parlamentares independentes, militantes e ativistas de todo o país.
Westminster está quebrado, mas a verdadeira crise é mais profunda. Apenas 50 famílias agora detêm mais riqueza do que mais da metade da população do Reino Unido. A pobreza está crescendo, a desigualdade é obscena e o sistema bipartidário não oferece nada além de declínio gerenciado e promessas quebradas.
Um ano atrás, fui suspensa pelo Partido Trabalhista por votar pela abolição do limite de dois filhos no auxílio infantil e tirar 400 mil crianças da pobreza. Eu faria isso de novo. Eu votei contra o fim dos pagamentos de inverno para aposentados. Eu faria isso de novo.
Agora, o governo quer fazer os deficientes sofrerem — só não decidiu ainda o quanto.
Enquanto isso, um picareta financiado por bilionários lidera as pesquisas, porque o Partido Trabalhista falhou completamente em melhorar a vida das pessoas. E em todo o establishment político, de Farage a Starmer, difamam como terroristas as pessoas de consciência que tentam impedir um genocídio em Gaza.
Mas a verdade é clara: este governo é participante ativo de um genocídio. E o povo britânico se opõe a isso.
Não vamos mais aceitar isso.
Não somos uma ilha de estranhos; somos uma ilha em sofrimento. Precisamos de casas e vidas que possamos realmente pagar, não de boletos impossíveis para sustentar uma elite que nada em dinheiro. Precisamos que nosso dinheiro seja investido em serviços públicos, não em guerras eternas.
Em 2029, a escolha será entre duas opções: socialismo ou barbárie.
Os bilionários já têm três partidos lutando por eles. Está na hora de o resto de nós ter um também.
Junte-se a nós. A hora é agora.
Zarah Sultana, Deputada pelo distrito de Coventry South”
Conforme noticiado à época pelo portal de notícias Politico, Corbin, Sultana e demais já vinham “formalizando suas operações ultimamente, contratando funcionários para trabalhar para o grupo em vez de parlamentares individuais e debatendo como se tornar um partido de verdade“, bem como discutindo um nome para o novo partido de esquerda.
Mostrando a crise do regime imperialista britânico, uma pesquisa realizada pelo instituto More in Common revelou que um novo partido político de esquerda poderia garantir 10 por cento dos votos (ao parlamento), conquistando principalmente votos do Partido Trabalhista e dos Verdes.
Mostrando que o novo partido está sendo criado com a finalidade de se opor ao sionismo e ao neoliberalismo do Partido Trabalhista, Corbin declarou nesta semana em seu X que “a privatização da água foi um fracasso completo e absoluto, acrescentando que é absurdo que o relatório do governo sobre o setor hídrico nem sequer tenha considerado a propriedade pública”, apontando ainda que “isso não é um relatório. É uma transmissão política para o setor privado”. “Devolvam a água às mãos do público, agora”, disse Corbin.
Em outra publicação, denunciou que “o governo do Reino Unido afirma estar fazendo tudo o que pode para aliviar o sofrimento em Gaza”, mas, apontando a falsificação demagógica do governo trabalhista, afirmou que O governo do Reino Unido não suspenderá a venda de peças do F-35 para Israel” e que “não interromperá o uso da RAF Akrotiri nem encerrará a cooperação militar”.
Falando sobre a política criminosa do Partido Trabalhista em apoio ao genocídio contra a Palestina, Sultana declarou em seu X que tanto Keir Starmer quanto David Lammy (ministro das Relações Exteriores) deveriam estar sendo julgados no Tribunal de Haia.
Analisando a situação durante o programa Análise de Terça, Rui Costa Pimenta, presidente do Partido da Causa Operária (PCO), afirmou que a formação do novo partido e suas perspectivas eleitorais são “um sinal de decomposição do regime imperialista” ainda “mais importante do que o [crescimento] da extrema direita”, explicando que “a extrema direita, no final das contas, é um recurso do regime político imperialista”.
Ele também avaliou que a iniciativa de Corbin e Sultana (e a participação dos sindicatos no processo de formação do novo partido) “mostra também uma tendência das massas a intervirem no processo político”. Rui Pimenta afirmou que “é uma notícia muito positiva, porque o surgimento desse partido pode colocar o regime partidário britânico atual em uma crise terminal — “é uma regime imperialista, criminoso, apoia o genocídio em Gaza”.
As perspectivas positivas em torno do novo partido de esquerda no Reino Unido demonstram que é preciso que a esquerda seja independente do imperialismo e de sua política, qualquer que seja ela, o neoliberalismo, o apoio ao sionismo (e ao genocído contra a Palestina), o identitarismo e todas as demais.





