Margem Equatorial

Esquerda ‘ecológica’ ataca a Petrobrás em sabotagem ao Brasil

Esquerda Diário publica nota denunciando a exploração de petróleo na Margem Equatorial, fundamental para o desenvolvimento das regiões Norte e Nordeste, as mais atrasadas do País

No dia 21 de outubro, terça-feira passada, o portal esquerdista Esquerda Diário publicou em sua seção de tribuna aberta uma nota do Movimento de Socialistas Independentes – MSI, intitulada “Lutar nas ruas contra o ataque ambiental de Lula e das petroleiras! Digamos não ao plano capitalista de extração de mais petróleo na margem equatorial do Brasil!” A peça, como está evidente pelo título, se soma à campanha supostamente ecológica em defesa de fato da manutenção do atraso econômico nacional, para que o País sirva como mera reserva e fonte de recursos para os países imperialistas, ainda que de maneira disfarçada. Vamos à íntegra da nota, que consiste em apenas dois parágrafos:

“Não podemos aceitar este novo ataque anti ambiental! A demagogia dos governos é escandalosa às vésperas da COP-30 com a derrubada de dezenas de hectares de floresta em Belém e Região, com as propostas de Explosão do Pedral do Lourenço e de ampliação de exploração de petróleo na Margem Equatorial, privatização de rios para criar hidrovias e escândalos de corrupção de governos e rios de dinheiro às grandes empresas. Não há um real debate sobre crise climática e preservação ambiental, mas sim um greenwashing de bilhões e “pão e circo”! Os ativistas e as esquerdas coerentes devemos somar forças em ações de luta para denunciar todas essas políticas anti ambientais dos governos e patrões, assim como exigir medidas de proteção ambiental e benefícios ao povo amazônida para enfrentar os [sic] racismo ambiental diante dos eventos extremos que resultam da situação em que nos encontramos. A Petrobrás deveria conduzir a transição energética, não aprofundar a exploração de petróleo!

O capitalismo só tem oferecido barbárie, não temos ilusões em Igor, Helder, Lula-Alckmin e petroleiras!”

Em primeiro lugar, vale ressaltar que já existe a exploração de petróleo na região amazônica, que compreende Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, Bolívia, Equador e as colônias do imperialismo Guiana, Suriname, e Guiana Francesa. Na Guiana, por exemplo, petroleiras imperialistas exploram petróleo em região que inclusive é vizinha à Margem Equatorial do Brasil, no Amapá, o que já coloca em risco as reservas brasileiras. Diga-se de passagem, a esquerda “ambientalista”, que se coloca contra a exploração do petróleo pelo Brasil, um dos países com a matriz energética mais limpa do mundo, não o faz quando isso diz respeito a países notoriamente poluentes, como os EUA. Da mesma forma, a oposição à exploração do petróleo só diz respeito à Petrobrás, a estatal do petróleo, sem menção à Chevron, à British Petroleum, à Shell e outras. Assim sendo, sequer o problema da busca da dominação imperialista do petróleo, e da questão da soberania nacional, de garantir a exploração do recurso brasileiro pela estatal, entra em pauta.

Ademais, existe o problema do atraso econômico do Brasil. As regiões Norte e Nordeste são as mais atrasadas do País. A população sofre por falta de coisas básicas, como energia elétrica, com o exemplo relativamente recente do apagão de 2020 no Amapá, em função do atraso econômico regional. Ou seja, é urgente para essa população miserável o desenvolvimento econômico, o que também não entra na conta dos autoproclamados ambientalistas.

Assim, a “derrubada de dezenas de hectares de floresta” é apresentada como um mal em si mesmo, sem levar em consideração o como, o onde, o porquê, de um território que compreende quase 60% do território nacional, a chamada Amazônia Legal. Ora, sugerem que 60% do Brasil seja de mata inexplorada? É algo ridículo.

Ao mesmo tempo, para confundir o panorama e dar um verniz de esquerda a essa política de defesa do atraso econômico e portanto da miséria da população, denunciam a “privatização de rios para criar hidrovias”. Ora, se a privatização é o problema, por que não defendem a operação dos mesmos por estatais, logo a exploração do petróleo pela Petrobrás, algo abertamente condenado na nota? E não é melhor, tanto do ponto de vista da eficiência produtiva como do ponto de vista ambiental, o uso de hidrovias, no lugar de rodovias ou ferrovias, onde possível? Trata-se de uma farsa. O ponto da nota não tem os interesses dos trabalhadores em conta, mas apenas o interesse dos monopólios internacionais, que visam a manutenção dos recursos brasileiros embaixo da terra, até que esses próprios monopólios tenham a necessidade ou as condições políticas para abocanhá-los.

A nota, já evidentemente ridícula, chega ao ápice do absurdo de afirmar que “não há um real debate sobre crise climática e preservação ambiental”. Ora, se buscam fazer um debate ambiental real, por que não denunciam os países imperialistas, responsáveis pelo atraso do Brasil e pela destruição ambiental no País, como os desastres provocados pela Vale privatizada? Por quê não apontam a diferença entre a exploração por uma estatal, mais sujeita a controles tanto das condições de trabalho, como do manejo de rejeitos da produção, quando comparada a empresas privadas sujeitas aos monopólios internacionais? Não é um debate real que trava a nota publicada pelo Esquerda Diário, é uma peça de propaganda para a defesa do Brasil como um escravo do imperialismo, e do povo brasileiro como um povo martirizado, sem possibilidade de se reerguer.

Uma farsa final é o apontamento de que a Petrobrás deveria liderar a transição energética do País. Muito bem, a Petrobrás, enquanto estatal, pode e deve estar no centro de uma política energética do Brasil, mas é ridículo defender que a petroleira o faça sem explorar o petróleo. Ora, como irá financiar as pesquisas e o desenvolvimento de novas tecnologias? E mesmo o aperfeiçoamento de tecnologias existentes, como da própria exploração e refino do petróleo, da eficiência dos motores a combustão para que não apenas representem um avanço produtivo, mas para que tenham reduzido o seu consumo de combustível e, logo, possuam um dano reduzido ao meio ambiente.

Como exemplo de que não é isso que defendem, é possível se lembrar do projeto MagLev Cobra, da UFRJ, um bonde sobre trilhos magnetizado, ou seja, sem rodas, que seria mais eficiente e seguro do que os comuns, mas que foi, com o golpe imperialista de 2016, inviabilizado. Sem a soberania nacional, é impossível falar em defesa de qualquer coisa para o País, inclusive do meio ambiente.

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