Rio de Janeiro

‘Esquerda’ bolsonarista quer culpar o eleitor por chacina

Esquerdista descobriu o culpado pelas chacinas: o eleitor. Nada como culpar a vítima pela violência que sofre, para assim defender políticas reacionárias de “segurança”

Fim da polícia

O artigo Matança no Rio: passou da hora do povo parar de votar nos seus carrascos, de Bepe Damasco, publicado no Brasil247 nesta quarta-feira (29), já começa errando pelo nome, pois coloca a culpa nas vítimas: o povo. Pois, se tem um carrasco no poder, é porque o povo o teria colocado ali.

Além de errar no nome, o artigo erra também no olho, que traz o seguinte: “A pergunta que não quer calar é: quantos entre os executados eram efetivamente criminosos?”. Diante disso, só cabe outra pergunta: Que diferença faz? Mesmo que fossem todos criminosos, executar pessoas é crime!

A maioria da esquerda já pensa como a direita. Quem tiver estômago para acompanhar a grande imprensa, vai se deparar com títulos falando de “suspeitos” mortos. Quantas vezes já se ouviu falar que determinado homem morto tinha “passagem pela polícia”?

Bolsonarismo?

Damasco diz em seu primeiro parágrafo que “depois de um dia de pânico e terror que produziu 64 mortos, entre os quais quatro policiais, o Rio amanheceu nesta quarta-feira (29) com uma cena chocante: os moradores do Complexo da Penha resgataram na mata, e expuseram na praça, mais 66 cadáveres”.

O número de mortos, até o fechamento desta edição, estava em 130. No entanto, todos sabem que os números não são confiáveis, são sub notificados, pois muitos corpos são levados embora e nunca contabilizados.

Em seguida, o articulista diz que “o governador bolsonarista Cláudio Castro, responsável pela carnificina, ainda protagonizou um episódio deplorável ao tentar culpar o governo federal”. Aqui é preciso lembrar que massacres não são exclusividade de bolsonaristas. Até o vice de Lula, Geraldo Alckmin, para ficarmos em dois exemplos, era governador de São Paulo quando ocorreu o massacre do Pinheirinho e a brutal repressão policial em 2013 que deixou pessoas cegas e mais de 800 feridos. A polícia da Bahia é uma das mais letais do País, e o governador, até onde se sabe, não é bolsonarista.

Mais repressão

Damasco critica Castro, diz que o governador é dos que “mais tem trabalhado contra a PEC da Segurança Pública, do governo federal, cuja essência contempla justamente a integração das forças de segurança”.

Acontece que a “PEC da Segurança” não é boa, é reacionária, deveria ser criticada, não defendida. É o pensamento direitista, repressor que toma conta dessa esquerda que aposta na criação de uma super polícia para “melhorar a segurança”.

A PEC propõe o aumento do poder da Polícia Federal que, como já escrevemos (leia), ganharia competência para atuar em crimes ambientais e contra organizações criminosas com alcance interestadual ou internacional, invadindo áreas antes reservadas às polícias estaduais.

Segundo o projeto, as guardas municipais, que hoje somam 101 mil agentes (IBGE, 2024), seriam equiparadas a forças policiais, podendo fazer policiamento ostensivo, como decidiu o STF em fevereiro de 2025.

Hugo Motta, presidente da Câmara dos Deputados, declarou no X: “vamos analisar e propor as mudanças necessárias quanto antes. O Brasil tem pressa para avançar com esta pauta”. O entusiasmo de um político de direita como ele, do partido do ex-vice-presidente bolsonarista Hamilton Mourão e, portanto, ligado ao bolsonarismo, já acende o alerta: isso é repressão com cara de “solução”.

Como também dissemos em nossa matéria, Lewandowski vende a PEC como modernização, mas o que ela faz é concentrar poder. A PF, que já opera sob comando de agências criminosas como CIA e Mossad, terá carta-branca para entrar nos estados, reduzindo a autonomia local. As guardas municipais, antes limitadas a proteger patrimônio, viram polícia de rua, armadas e com aval para reprimir manifestações e comunidades pobres.

Perguntas

No parágrafo que já mencionamos, Damasco escreve: “Fiquei me perguntando: quantos moradores dos Complexos da Penha e do Alemão votaram no então candidato à reeleição Cláudio Castro, em 2022? Na certa, a maioria dos eleitores”. E o que Damasco tem se perguntado sobre os eleitores da Bahia, que elegeram um petista? Será que o problema está no voto, ou dá na mesma?

A maioria da esquerda se tornou eleitoreira, deixou de lutar pelos direitos da população para se concentrar em conquistar cargos. Além de vender a ilusão de que se poderá reformar o Estado burguês por meio do voto.

Para Damasco, absurdamente, “não há dúvida que o voto na turma do ‘bandido bom é bandido morto’ está na raiz dessas tragédias”. Ou seja, o problema não é a desigualdade social, a truculência do Estado, que massacra o povo para defender os interesses da burguesia, o problema é de quem vota.

Visão reacionária

Outra ideia direitista recorrente na esquerda se vê no parágrafo que diz que “os milhares de agentes (muitos destreinados e sem o menor traquejo para operações como essa) enviados pelo governador para a empreitada funesta agiram como policiais, promotores e juízes. Tudo leva a crer que a ordem de cima era atirar a esmo para matar, em uma operação sem planejamento e inteligência”.

Essa é a esquerda que quer uma polícia mais bem treinada e armada, o que só vai fazer com que matem o trabalhador de forma mais eficiente.

Será verdade que não havia um planejamento? A Justiça tratou de conseguir 100 mandados de prisão para justificar a invasão nas favelas e o massacre. Os tiros na nuca, na boca, na cabeça, são sinais de execução, fazem isso de maneira pensada. É um método que vem sendo utilizado de modo recorrente e sistematicamente.

Quem já viu sobre a formação de policiais, sabe que ali se forma combatentes, pessoas que vão travar uma luta que tem a população como inimiga.

Covardia

A maioria da esquerda não tem coragem de pedir a dissolução da polícia militar, pois tem pensamento burguês, não acredita em milícias populares, que o povo poderia fazer muito bem, e de maneira mais eficiente, a sua segurança. Em vez disso, ficam propondo “mudanças”, “melhorias”, como se fosse possível conter a máquina de extermínio do Estado.

Pelo fim da polícia militar, e pelo direito da classe trabalhadora de se organizar e se defender de seus assassinos.

Gostou do artigo? Faça uma doação!

Rolar para cima

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Quero saber mais antes de contribuir

 

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.