O início do mês de março trouxe ondas de calor intensas à região Sudeste do País. No retorno às aulas, as escolas estaduais e municipais continuam completamente despreparadas para enfrentar as altas temperaturas. Apesar de ser um fenômeno recorrente, o calor não é minimizado pela infraestrutura precária das instituições de ensino, consequência direta da falta de investimentos. Relatos de diversas fontes indicam que alunos estão desmaiando devido à insolação, sendo obrigados a voltar para casa e até forçados ao ensino à distância.
As ondas de calor, comuns no Sudeste e até mesmo no Sul do País, atingem o Brasil durante o verão. Coincidindo com o período letivo, as altas temperaturas chegam a 40 graus Celsius, exigindo que as escolas possuam uma infraestrutura capaz de climatizar as salas de aula e, em alguns casos, até os ambientes externos. No entanto, como a população já sabe, a estrutura das escolas é deficitária devido à falta de investimentos. No litoral paulista, familiares denunciaram que alunos desmaiaram por conta do calor extremo e da ausência de recursos para amenizar a situação.
Segundo o Censo Escolar de 2023, no estado mais rico da federação, menos de 3% das escolas estaduais e apenas 0,9% das municipais possuem ar-condicionado em funcionamento. Não há sequer dados sobre a presença de umidificadores nas escolas. A média nacional, segundo o Inep, é de 34%. Diante desse cenário, o pesquisador Jhonatan Almada cunhou o termo “saunas de aula” para descrever a realidade das escolas paulistas, expressão que também foi utilizada pela União Municipal dos Estudantes Secundaristas da capital.
A situação atual da rede pública é alarmante: salas de aula com ventiladores antigos, escolas frequentemente sem bebedouros e até mesmo com banheiros em condições precárias. A precariedade da infraestrutura é tão grave que não faltam apenas quadras esportivas, salas de cinema, informática ou laboratórios; falta o básico, como ventiladores, janelas funcionais, iluminação, água, esgoto e, em muitos casos, a própria estrutura dos prédios está comprometida, colocando alunos e profissionais em risco.
Nas escolas técnicas de São Paulo, que geralmente possuem melhores condições, a direção do Centro Paula Souza aprovou o uso do ensino à distância como “solução” para a falta de infraestrutura diante das ondas de calor. No entanto, essa medida transfere a responsabilidade para os estudantes, criando desigualdades, já que a maioria não dispõe dos recursos necessários para acompanhar as aulas online. Além disso, representa mais um passo no processo de sucateamento do ensino, promovendo um modelo improvisado e ineficaz.
Enquanto a imprensa burguesa debate a definição de custos por aluno na educação, fica evidente que, como apontam os sindicatos, a precarização das escolas, não apenas em São Paulo, mas em todo o País, é resultado da negligência do poder público e dos cortes orçamentários no setor. O objetivo dessa política é desmontar a escola pública. É fundamental que estudantes, servidores e professores se mobilizem para pressionar por melhores condições de ensino e infraestrutura adequada nas escolas.