Pela sexta vez em menos de um ano, o presidente Daniel Noboa decretou medidas repressivas que suspendem direitos constitucionais em grande parte do território nacional. Sob o argumento de combater o avanço do crime organizado, o governo vem ampliando a presença militar nas ruas e restringindo liberdades civis — em um cenário que repete o mesmo roteiro já visto no Peru e em outros países da região.
O novo decreto, que abrange as províncias de Guayas, Manabí, Los Ríos, Santa Elena e El Oro, além de três cantões do interior, suspende a inviolabilidade do domicílio e da correspondência, permitindo incursões militares sem mandado judicial. Com isso, o país acumula mais de 500 dias sob estado de exceção desde que Noboa assumiu o cargo.
Apesar do endurecimento da repressão, a criminalidade segue fora de controle. Segundo dados oficiais, mais de 7.400 homicídios intencionais foram registrados até outubro — o equivalente a um assassinato por hora.
“Estamos vivendo sob um regime de exceção permanente. O governo justifica tudo em nome da segurança, mas o que vemos é o fortalecimento de um regime autoritário e militarizado”, denunciam movimentos sociais no Equador.
O governo de Noboa mantém estreita cooperação com os Estados Unidos em matéria de “segurança” e suposto combate ao narcotráfico. Essa aliança tem aberto as portas para o ingresso de tropas e assessores militares estrangeiros no país. Com o passar do tempo, somam-se as prisões arbitrárias e torturas em bairros populares e comunidades de índios.
No Peru, sob o governo de Dina Boluarte — e agora sob José Jerí a repressão também vem intensificando desde os protestos populares de 2022, que deixaram dezenas de mortos. Segundo relatório da Anistia Internacional, o Peru vive uma “crise de direitos humanos agravada pelo uso excessivo da força” e pela “impunidade dos responsáveis por execuções extrajudiciais”. Ainda assim, o governo mantém apoio político e econômico dos Estados Unidos.





