Nesta quarta-feira, a agência de notícias Firat publicou um vídeo, gravado em junho, no qual Abdullah Öcalan, líder do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), preso desde 1999 na Turquia, pediu o desarmamento do partido, bem como que mude sua política para uma de tipo “democrática”.
Ele declarou que, “o movimento PKK e sua ‘Estratégia de Libertação Nacional’, que surgiu como reação à negação da existência [dos curdos] e, portanto, visava à criação de um Estado independente, foram dissolvidos”, pois “a existência dos curdos foi reconhecida” e, “portanto, o objetivo fundamental foi alcançado”.
Falando sobre a mudança de política do partido, ele disse ter preparado “um ‘Manifesto pela Sociedade Democrática’, que deve ser avaliado como uma transformação histórica. Este Manifesto possui os atributos necessários para substituir com sucesso o Manifesto de 50 anos de ‘O Caminho para a Revolução do Curdistão’”.
Sobre este ponto, Öcalan afirmou que “a política não conhece vácuo; portanto, o vácuo deve ser preenchido com o programa da ‘Sociedade Democrática’, a estratégia da ‘Política Democrática’ e a tática básica do ‘direito holístico’”.
Defendendo expressamente o desarmamento do partido, ele diz que “o PKK renunciou ao seu objetivo de Estado-nação; renunciar ao seu objetivo básico implica renunciar à sua estratégia militar e, portanto, leva à sua dissolução. Este ponto histórico aguarda ser levado a um nível mais profundo”, acrescentando que “vocês devem encarar com naturalidade que a garantia da deposição de armas, perante testemunhas do público e de círculos afins, não só contará com a TBMM [Grande Assembleia Nacional Turca] e a Comissão, mas também tranquilizará o público e honrará nossas promessas”.
Öcalan afirma ainda que “o que foi feito foi uma transição voluntária da fase da Luta Armada para a fase da Política e do Direito Democráticos. Isso não é uma perda, mas deve ser considerado um ganho histórico”, acrescentando que “não acredito nas armas, mas no poder da política e da paz social, e peço que vocês coloquem esse princípio em prática”.
O acordo feito entre a Turquia e Öcalan para acabar com o PKK ocorreu na esteira do golpe de Estado na Síria contra o governo nacionalista de Bashar al-Assad. No que diz respeito a atores externos, para além do imperialismo, a Turquia foi o país que esteve à frente do processo. Após a subida ao poder do Hayat Tahrir al-Sham, a Turquia passou a realizar ataques militares contra as regiões controladas pelos curdos no norte da Síria.
Os curdos vêm sendo, há anos, utilizados pelo imperialismo para desestabilizar a região e sabotar a unidade nacional de países como Síria, Iraque e Irã.




