Em mais uma demonstração da total insensibilidade do governo Lula perante as necessidades do povo brasileiro, a presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), Gleisi Hoffmann, publicou um vídeo anunciando o novo programa de crédito elaborado pela presidência da República. “Apertou o orçamento? O juro tá alto? Pega o empréstimo do Lula”, afirmou a ministra.
O vídeo se refere ao programa que recebe o nome de Crédito do Trabalhador, que visa fornecer uma linha de crédito com juro um pouco mais baixo para trabalhadores no regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). “As pessoas agora podem ter crédito barato para sair do endividamento. Sair da mão do agiota, do banco que cobra até 10%, 12%, para procurar o crédito mais barato que elas puderem encontrar. O banco que cobrar menos, vá lá e faça a mudança”, disse o presidente Lula, após assinar a medida provisória que cria o programa.
A troca de dívidas antigas, com juros mais altos, por crédito consignado a taxas mais baixas, será possível porque o programa vai oferecer uma linha de crédito mais atraente também para migrar dívidas com maior custo. O Brasil tem atualmente 47 milhões de trabalhadores formais, os quais podem aderir ao programa. Segundo dados da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), a estimativa é que, em até quatro anos, cerca de 19 milhões de celetistas optem pela consignação dos salários, o que pode representar mais de R$120 bilhões em empréstimos contratados.
Apesar das falas entusiasmadas de Gleisi Hoffmann e do presidente Lula com o programa, os dados da Febraban não deixam margem para dúvidas de quem é o grande beneficiado com o Crédito do Trabalhador. Não se trata de um programa social real, como o aumento do salário mínimo ou a criação de um benefício como o Bolsa Família. O trabalhador não está recebendo nada que faça a suas condições de vida melhorar de fato.
Tudo o que o governo está oferecendo é mais uma oportunidade de deixar o trabalhador endividado. Por um lado, o programa fará com que muitos trabalhadores paguem suas dívidas junto aos bancos – uma vez que parte do programa é dedicada justamente a isso. Por outro, os trabalhadores ficarão endividados junto aos bancos novamente – e, desta vez, não terão como ficar inadimplentes, visto que entregarão os seus direitos previdenciários como garantia.
Mesmo os que utilizarem o dinheiro proveniente de tal linha de crédito para o consumo não irá, também, progredir de maneira significativa. A situação econômica é tão ruim que o mais provável é que esses trabalhadores utilizem a linha de crédito para não morrer de fome, gastando com alimentos e outros itens de primeira necessidade. Uma iniciativa, portanto, que não servirá para mudar a situação de miserabilidade na qual o povo brasileiro se encontra.