A Tailândia dissolveu seu parlamento e caminha para eleições antecipadas, em meio a uma crise política em Bangcoc e ao agravamento dos combates na fronteira com o Camboja. O primeiro-ministro Anutin Charnvirakul dissolveu a Câmara dos Representantes na sexta-feira (12), após aprovação formal do rei Maha Vajiralongkorn, com efeitos legais a partir da publicação no diário oficial.
“Eu gostaria de devolver o poder ao povo”, escreveu Anutin em publicação nas redes sociais, indicando a medida antes do anúncio formal. Pela legislação, a eleição deve ocorrer entre 45 e 60 dias após a dissolução, com expectativa de votação no início de fevereiro. Até lá, Anutin permanece como chefe de um governo interino, com restrições para exercer plenamente o poder executivo, incluindo a aprovação de um novo orçamento.
A decisão ocorre após o desgaste do pacto de coalizão. A oposição, liderada pelo Partido do Povo (People’s Party) (maior bancada) preparava uma moção de desconfiança, acusando o partido de Anutin, o Bhumjaithai, de violar um acordo firmado em setembro. Anutin havia chegado ao posto com apoio do Partido do Povo, em troca do compromisso de dissolver o parlamento em quatro meses e organizar um plebiscito para a redação de uma nova Constituição por uma assembleia constituinte eleita. A oposição defende que a Carta atual foi imposta sob domínio militar e restringe direitos democráticos.
Paralelamente, a crise política se dá em um ambiente de guerra na fronteira. Os choques com o Camboja se intensificaram por vários dias, com relatos de pelo menos duas dezenas de mortos e centenas de milhares de deslocados, sob fogo de artilharia, drones e operações aéreas. Mesmo com a dissolução, os militares tailandeses declararam que as operações seguirão “sem interrupção”. Os Estados Unidos também intervieram diplomaticamente, com Donald Trump pressionando por cessar-fogo e ameaçando suspender privilégios comerciais.




