O renomado jornalista palestino Saleh al-Jafarawi foi martirizado neste domingo (12), após ser morto por colaboradores israelenses em Gaza, enquanto preparava uma reportagem.
De acordo com fontes locais, al-Jafarawi foi baleado enquanto trabalhava na Rua 8, ao sul da Cidade de Gaza, documentando a situação na área. Testemunhas relataram que ele estava preparando uma reportagem quando membros armados de um grupo que colabora com a ocupação israelense abriram fogo, matando-o instantaneamente.
Nos últimos dois anos, al-Jafarawi se destacou na cobertura da guerra israelense em Gaza, documentando atrocidades e expondo crimes de guerra ao público internacional. Suas reportagens se tornaram amplamente reconhecidas por destacar o sofrimento humano, a destruição e a resiliência do povo palestino.
Quando o recente cessar-fogo em Gaza foi confirmado, al-Jafarawi compartilhou uma mensagem emocionante do norte de Gaza, expressando gratidão a todos que apoiaram a causa palestina, desde manifestantes e e até artistas, atletas e ativistas que deram voz a Gaza em todo o mundo.
Ele também agradeceu aos ativistas por trás da Flotilha de Resiliência de Gaza e da Flotilha da Liberdade, que buscaram quebrar o cerco e entregar ajuda à Faixa.
Suas últimas palavras, no entanto, continham um poderoso apelo ao mundo:
“Sim, a guerra acabou, mas não desviem a atenção de Gaza. Fiquem sempre com Gaza, porque Gaza precisa da sua voz, especialmente na próxima fase.”
Ele concluiu sua mensagem reafirmando a firmeza do povo palestino: “Nós somos o povo desta terra e temos o direito de viver nela”.
Anthony Bellanger, jornalista, sindicalista e historiador franco-belga, publicou um texto no jornal britânico The Guardian, canalizando a indignação dos profissionais de imprensa em todo o mundo ao verem colegas em Gaza sendo mortos com o que ele descreve como impunidade israelense.
Para Bellanger, a história lembrará as testemunhas. Em Gaza, isso significa lembrar de Anas al-Sharif, um jovem repórter morto em 10 de agosto de 2025, e dos outros 222 jornalistas palestinos mortos nos últimos dois anos, de acordo com dados da Federação Internacional de Jornalistas (IFJ, na sigla em inglês). Aqueles que buscaram silenciar essas vozes, ele escreve, carregarão a condenação para sempre.
Por dois anos, Gaza tem sido o lugar mais perigoso da Terra para a prática do jornalismo. “Israel” proibiu a entrada de repórteres estrangeiros, deixando os jornalistas palestinos — a maioria deles membros do Sindicato de Jornalistas Palestinos, afiliado à IFJ — como os únicos a relatar a guerra. Eles trabalham sem proteção, muitas vezes com suas famílias igualmente expostas, e com frequência sob fogo direto israelense.





