Após ser bajulado pelo principal jornal do imperialismo norte-americano, The New York Times, o presidente Lula concedeu à agência de notícias britânica Reuters. Uma vez mais, a máquina de propaganda imperialista, que faz oposição ao presidente norte-americano Donald Trump, deu palanque a seu homólogo brasileiro para procurar faturar com a crise entre os dois governos.
Logo de início, Lula declara que “um presidente da República não pode ficar se humilhando para outro”, defendendo que haja respeito mútuo entre chefes de Estado. Esse “respeito”, contudo, seria mais protocolar do que propriamente uma questão de soberania nacional:
“A forma civilizada de dois chefes de estado negociarem é se ele tinha vontade de tomar essa decisão contra o Brasil, ele poderia ter comunicado ao Brasil, poderia ter ligado, poderia ter proposto negociação, mas nós recebemos o comunicado da taxação de forma, sabe, totalmente autoritária. E não é assim que nós estamos acostumados a negociar. Não é assim. Mesmo nesse momento, nós estamos ainda, tem muita gente no Brasil tentando conversar com gente americana.”
A grande preocupação do presidente brasileiro, portanto, seria com a forma utilizada por Trump para comunicar a taxação, e não com o seu conteúdo: uma ingerência sobre a política nacional. Não importa se Trump ligou ou não para Lula, se foi rude ou gentil: a partir do momento em que o presidente norte-americano decidiu sancionar o País para pressionar as suas instituições, não há como se falar em relação civilizada.
Nesse sentido, a relação entre os Estados Unidos e o Brasil raramente pode ser descrita como civilizada, uma vez que é uma relação de caráter semicolonial. O fato de que o Departamento de Justiça norte-americano tenha corrompido juízes e promotores brasileiros para que prendessem dirigentes do Partido dos Trabalhadores (PT) e assim preparassem o golpe de 2016, por exemplo, é um ataque ao País. Assim como esses, há muitos outros exemplos.
Lula, no entanto, rejeita a ingerência criminosa do imperialismo norte-americano a credita exclusivamente a Trump:
“Nós acreditamos que um país que tem 200 anos de relação diplomática muito civilizada não vai jogar isso fora por causa, muitas vezes, de uma atitude destemperada de um presidente da República.”
A capitulação diante do presidente norte-americano também fica evidente em outras falas, como a de que “quando um não quer, dois não brigam”.
Ao mesmo tempo em que demonstrou sua fraqueza diante Donald Trump, Lula também se revelou pressionado pela burguesia parasitária e golpista que sabota o seu próprio governo.
“Nós temos que criar condições de ajudar essas empresas. Nós temos a obrigação de cuidar, sabe, da manutenção dos empregos das pessoas que trabalham nessas empresas. Nós temos a obrigação de ajudar essas empresas a procurar novos mercados para os produtos delas e nós temos a preocupação de convencer os empresários americanos a brigarem com o presidente Trump para que possa flexibilizar nisso.”
Enquanto presidente de esquerda, Lula não tem obrigação nenhuma com essas empresas, dominadas por parasitas que não contribuem em nada para o desenvolvimento nacional. Em relação aos empregos, sim, o governo deveria encontrar uma saída, mas que não passasse por usar o dinheiro suado do povo brasileiro para socorrer os setores capitalistas que apoiaram a candidatura de Jair Bolsonaro (PL) em 2018 e que certamente se voltarão contra o PT em 2026.



