Mato Grosso do Sul

Em circunstâncias suspeitas, cacique Guarani-caiouá é assassinado

Há uma disputa intensa entre os índios Guarani-Kaiowá, que lutam por seus direitos, e os latifundiários que grilaram as terras dos índios com apoio do estado do Mato Grosso do Sul

No final da tarde da última segunda-feira (28), a principal liderança da aldeia Taquaperi foi atropelada e morreu no local, às margens da rodovia entre Coronel Sapucaia e Amambai, no Mato Grosso do Sul. O cacique Samuel Velasquez, de 46 anos, estava empurrando sua moto e foi atingido por um veículo grande que fugiu do local sem prestar socorro. Seu corpo foi jogado a mais de 30 metros.

A TI Taquaperi é uma das oito reservas indígenas criadas pelo Serviço de Proteção ao Índio (SPI) na região sul do Mato Grosso do Sul, ainda no início do século XX. O projeto original da reserva possuía 3.600 hectares, mas a grilagem dos latifundiários a reduziu para 1.776 hectares, onde vivem, apertados, cerca de 3.300 índios.

Há uma disputa intensa entre os índios Guarani-Kaiowá, que lutam por seus direitos, e os latifundiários que grilaram as terras dos índios com apoio do estado do Mato Grosso do Sul.

Uma “morte” muito suspeita

O que ocorreu com o cacique Samuel Velasquez pode parecer uma fatalidade que poderia acontecer com qualquer pessoa. Mas o histórico de conflitos e o atropelamento nesta região levantam muitas suspeitas em relação à sua morte.

Está claro que a polícia, a secretaria de segurança pública do estado e a Polícia Federal vão rapidamente classificar o acidente como uma fatalidade por conveniência.

É preciso lembrar que “atropelamento” é um método utilizado para eliminar lideranças e aterrorizar as comunidades dos índios no estado.

Uma importante liderança Guarani-Kaiowá que faleceu em 2023, Damiana Cavanha, que era cacique do Tekoha Apy Ka’y, sofreu diversos despejos, ataques, violência e ameaças de morte. Damiana teve diversos membros de sua família mortos, vítimas de atropelamentos.

O marido de Damiana, Hilário, e três de seus filhos, Agnaldo, Sidnei e Wagner, morreram atropelados em acidentes na estrada, mortes suspeitas e onde nenhum responsável foi sequer identificado.

Na Terra Indígena Panambi-Lagoa Rica, em Douradina, após uma série de retomadas pelos Guarani-Kaiowá, um casal de líderes dos índios de uma das retomadas sofreu uma tentativa de homicídio quando voltavam de moto da cidade para a área ocupada pelos índios. Um carro os perseguiu e atropelou. A moto desviou e foi para fora da estrada para não serem esmagados pela picape. O homem machucou a perna e a mulher se feriu seriamente no rosto, além do joelho e braço.

Outro caso de violência ocorreu nas proximidades da Reserva Taquaperi. Em maio de 2022, o Guarani-Kaiowá Alex Recarte Vasques Lopes, de 18 anos, foi morto em uma fazenda vizinha à reserva. Alex saiu da Reserva Taquaperi para buscar lenha em uma área no entorno da terra dos índios e foi assassinado pelos latifundiários com pelo menos cinco orifícios compatíveis com projéteis de armas de fogo. Seu corpo foi jogado do outro lado da fronteira brasileira com o Paraguai para que não fosse identificado.

Esses casos citados acima são poucos exemplos da violência diária que sofrem os Guarani-Kaiowá por conta dos latifundiários acobertados pelo estado e pela polícia. O caso do cacique Samuel Velasquez revela as diversas formas que os latifundiários e o governo do estado do Mato Grosso do Sul utilizam para eliminar as lideranças que lutam pelos direitos dos índios e que colocam a demarcação como ponto número um da luta.

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