Na manhã do dia 10 de abril de 2025, após quase uma década de cativeiro nos cárceres da ocupação sionista, Ahmad Manasra, hoje com 23 anos, foi finalmente libertado. O jovem palestino, símbolo das crianças vítimas da repressão do regime de “Israel”, foi solto de forma clandestina pelas autoridades do regime, longe do portão principal da prisão de Nafha, no deserto do Neguev, onde sua família aguardava ansiosa por sua saída.
A libertação de Ahmad, no entanto, não encerra o calvário imposto pelo Estado sionista. Em estado mental gravemente debilitado, resultado de anos de tortura, confinamento solitário e privações sistemáticas, o jovem foi impedido de se reunir imediatamente com seus familiares. Após sua saída, encontrou um morador da cidade de Bir as-Sabi, a 50 quilômetros da prisão, e utilizou seu telefone para comunicar à família que estava em liberdade.
Preso em 2015, aos 13 anos, Ahmad Manasra foi acusado, junto ao primo Hassan Manasra, de participar de uma operação de resistência contra colonos em Jerusalém Oriental, no assentamento sionista de Pisgat Ze’ev. Na ocasião, Hassan foi assassinado a tiros pelas forças de ocupação e Ahmad, gravemente ferido após ser atropelado, foi linchado verbalmente por transeuntes sionistas. O vídeo de Ahmad sangrando na rua viralizou nas redes sociais, seguido de outro vídeo em que o adolescente aparece sendo interrogado por agentes do Mossad, sem a presença de advogado ou familiares, em claro desrespeito às normas internacionais mínimas para o tratamento de menores.
Em vez de ser tratado como uma criança ferida, Ahmad foi submetido à máquina de moer carne do regime sionista: interrogatórios violentos, privação de sono, negação de cuidados médicos, isolamento, humilhações constantes e a total anulação de seus direitos mais elementares. Em 2016, mesmo com a idade inferior à mínima para responsabilidade penal, foi condenado por tentativa de homicídio a doze anos de prisão, sentença posteriormente reduzida para nove anos e meio.
Antes de ser levado ao presídio de Megiddo, Ahmad passou dois anos em uma instituição para menores — sob condições igualmente desumanas. A partir de 2021, foi trancado em confinamento solitário por 23 horas diárias, sob alegação de envolvimento em uma briga com outro detento. Durante esse período, seu estado mental se deteriorou rapidamente: esquizofrenia, psicose, delírios e tentativas de suicídio. A repressão sionista ignorou todos os laudos médicos que alertavam para os riscos de danos permanentes à sua saúde. Como denunciado por um médico que o avaliou aos 18 anos, a continuidade daquela situação poderia levá-lo à invalidez total.
As denúncias internacionais se multiplicaram. A Anistia Internacional exigiu sua libertação imediata, denunciando a violação das leis internacionais contra a tortura e os maus-tratos. Manasra tornou-se um caso emblemático da política de perseguição sistemática às crianças palestinas por parte do regime sionista, cujo sistema judicial militar trata menores como adultos, ignorando completamente sua condição física e psicológica.
Mesmo em liberdade, a opressão não cessou. Sua família foi proibida de comemorar sua soltura e há indicações de que o jovem seguirá sendo monitorado, vigiado e impedido de relatar à imprensa os horrores pelos quais passou. O caso de Ahmad Manasra escancara, de forma brutal, o caráter criminoso do regime sionista e a necessidade urgente de pôr fim à ocupação da Palestina.
Sua história é a de milhares de palestinos encarcerados, feridos e assassinados por resistirem à colonização. Ahmad Manasra saiu da prisão, mas carrega no corpo e na mente as marcas de um sistema que tortura crianças — e que se sustenta com o apoio das potências imperialistas. Sua liberdade deve servir de combustível para intensificar a luta pela libertação de todos os presos políticos palestinos e, sobretudo, pela destruição do regime colonial de “Israel”.