Guerra na Palestina

Egito quer dar golpe no Hamas

Plano elaborado pelo país, em resposta ao plano de limpeza étnica proposto por Trump, propõe governo interino de países árabes

Nesta segunda-feira (3), a agência de notícias Reuters publicou um rascunho do plano do Egito para a Faixa de Gaza após o fim da guerra.

O plano teria sido elaborado em resposta à proposta de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, que resultaria na expulsão de todos os palestinos da Faixa de Gaza, permitindo que a região fosse explorada economicamente pelos EUA e seus aliados árabes.

Apesar de, em tese, se opor à iniciativa norte-americana, o plano egípcio consistiria, na prática, em um golpe contra o Hamas, partido palestino que é o principal representante de seu povo e a maior organização da Resistência Palestina contra o sionismo e o imperialismo.

Segundo a Reuters, o Egito se opõe à permanência do Hamas no governo da Faixa de Gaza, cargo que o grupo ocupa há quase duas décadas. Em seu lugar, seriam criados “órgãos interinos” controlados por Estados árabes alinhados ao imperialismo, como Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Jordânia, Qatar e o próprio Egito, além de potências ocidentais.

O rascunho do plano egípcio teria sido “compartilhado com a Reuters por uma autoridade envolvida nas negociações de Gaza que desejou permanecer anônima porque o rascunho ainda não foi tornado público”, conforme a própria agência.

Países árabes como Egito, Jordânia e Arábia Saudita já se manifestaram anteriormente contra a expulsão dos palestinos. No entanto, sua posição não decorre de qualquer respeito ao direito dos palestinos às suas terras e à sua nacionalidade, mas do receio de que um grande fluxo de refugiados cause crises políticas que ameacem seus regimes ditatoriais, subservientes ao imperialismo.

Ainda segundo a Reuters, “o plano não especifica quem comandaria a missão de governança” e tampouco há certeza de que os líderes árabes apoiariam a proposta egípcia.

Em resposta, Sami Abu Zuhri, importante membro do Hamas, declarou que o partido não tem conhecimento dessa proposta e que “o Hamas rejeita qualquer tentativa de impor projetos ou qualquer forma de governo não-palestino, ou a presença de quaisquer forças estrangeiras na terra da Faixa de Gaza”, ressaltando que “o dia seguinte em Gaza deve ser decidido apenas pelos palestinos”.

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