Polêmica

‘Educação antirracista’, nome fantasia para repressão

Trata-se de uma política profundamente autoritária, uma política da lavagem cerebral

No dia 20 de novembro, Dia de Luta do Povo Negro, o jornal golpista Folha de S.Paulo publicou um artigo de título Consciência Negra não é opcional, de autoria da economista Priscilla Bacalhau.

O título em si já é uma aberração: como seria possível obrigar alguém a ter uma determinada “consciência”? O título é um reflexo da mentalidade que domina a esquerda pequeno-burguesa dos dias de hoje, em que a liberdade de expressão foi liquidada.

No olho da matéria, lê-se:

“A educação antirracista é o antídoto que a sociedade precisa contra a ignorância histórica e a intolerância religiosa.”

É uma besteira sem tamanho. Primeiramente, porque a “educação” de uma pessoa que defende a repressão do pensamento como método será inevitavelmente ineficaz. Em segundo lugar, porque não há como resolver os problemas da sociedade unicamente com a “educação” estatal, visto que o Estado é quem oprime a população pobre brasileira.

Contraditoriamente, a própria autora reconhece que “educação não resolve todas as desigualdades”. No entanto, logo depois ela afirma que, “sem educação equitativa, nenhuma desigualdade será resolvida”.  A autora, então, segue cirando datas e personalidades, cita a lei número 10.639 de 2003 que tornou obrigatório o ensino de História e cultura afro-brasileira e a Política Nacional de Equidade e Educação para as Relações Étnico-Raciais e Educação Escolar Quilombola de 2024. Esses elementos servem para a autora endossar sua tese de que o problema da sociedade seria o “racismo estrutural” — isto é, o problema de que, sabe-se lá por qual motivo, a população teria “aprendido” a ser racista.

Curiosamente, ela cita o caso do policial que invadiu uma escola no Caxingui porque não concordava com a opinião de uma professora que falou em orixás na sala de aula. Imbuído do mesmo espírito de Priscilla Bacalhau, que se acha no direito de reprimir a opinião das pessoas, o policial entrou na escola armado para atentar contra o direito da professora. O caso mostra que, se for válido a “educação antirracista”, outro setor da sociedade também vai achar válido a “educação racista” por meio dos cassetetes.

Fica a questão para a autora: quem terá mais força para implementar a sua “educação”, a direita ou os oprimidos?

O maior problema é que todo movimento identitário se apoia nisso. Considera que o racismo é um problema de consciência, é um problema subjetivo. Ignora que a discriminação seja o resultado inevitável de um processo econômico.

A verdade é que, se alguém é pobre, vai ser tratado como pobre, ou seja, como um lixo. Se alguém é negro e pobre, vai ser tratado como lixo. A maior parte da sua população está no rodapé da sociedade. Os oprimidos são tratados como oprimidos. Não é um problema de consciência, é uma realidade. Não adianta chegar para o trabalhador e falar para ele que ele é o rei do universo, que ele não vai ser o rei do universo, ele vai continuar ganhando um salário de fome e tendo uma vida miserável.

E isso não apenas é uma política inócua. É uma política profundamente autoritária, porque ela é a política da lavagem cerebral. Como existe uma sociedade dividida em classes sociais e os antagonismos são profundos, para que se imponha essa consciência, será necessário forçar um setor da sociedade a adotar a sua consciência. Por que que o rico teria que aceitar que ser pobre é melhor do que ser rico ou que o pobre é melhor do que o rico? Não vai acontecer. No entanto, isso abre o caminho para a censura, para o controle do pensamento, o que corresponde ao exato interesse da burguesia neste momento, em que ditaduras estão sendo implantadas em todo o mundo.

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