Coluna

É preciso armar a população contra a repressão estatal

A repressão ao carnaval foi a gota d’água

As imagens da repressão ocorrida nas ruas de Porto Alegre durante o fim de semana de carnaval rapidamente se espalharam pelo país. Como tem sido recorrente, a Brigada Militar agiu com extrema violência contra pessoas que estavam na rua, justificando a ação sob a alegação absurda de “tentativa de invasão da rua”. A incongruência dessa justificativa salta aos olhos: como três pessoas poderiam “invadir” uma rua, especialmente em uma madrugada de carnaval, quando a cidade está notoriamente esvaziada?

Diante da violência policial, a população se manifestou com indignação, organizando protestos e denunciando os abusos. Um ponto amplamente discutido e com o qual concordamos é que não adianta reformar a polícia militar. Trata-se de uma instituição visceralmente voltada à repressão e ao controle social em favor das elites econômicas, tornando sua dissolução a única solução viável. A Brigada Militar precisa acabar.

Entretanto, a questão central que surge é: o que substituirá essa organização? É aqui que encontramos muita confusão, e é necessário afirmar sem rodeios que a população precisa se armar.

A segurança das comunidades deve ser assumida por organizações de bairro compostas por seus próprios moradores, armados e preparados para proteger seu território. Confiar a segurança ao Estado significa entregá-la às mãos daqueles que controlam o poder: os grandes empresários. É sabido que as grandes corporações têm forte influência sobre as prefeituras e o governo estadual, o que se reflete no comando de suas forças repressivas, como a Guarda Municipal e a Brigada Militar.

É preciso deixar claro que se a população estivesse armada, a repressão que viralizou nas redes sociais não teria ocorrido. Um conjunto de policiais pensaria várias vezes antes de fazer uma abordagem truculenta se a população do bairro tivesse os meios para se defender. Afinal, uma coisa é derrubar pessoas e espancá-las se elas estão desarmadas, outra coisa é fazer isso sabendo que não só a vítima pode estar armada, mas também todos ao redor dela. Todos são valentões diante de pessoas desarmadas, mas o cenário é diferente se você tem a ponta de um fuzil voltada para você.

Urge inverter a política de desarmamento seletivo que favorece os ricos e vulnerabiliza os trabalhadores. A política bolsonarista, que armou as elites enquanto desarmou o povo, precisa ser substituída por um modelo que garanta às comunidades os meios necessários para sua própria proteção. As elites já dispõem de arsenais privados e serviços de segurança, algo inacessível para a maioria. Essa realidade precisa ser transformada com urgência.

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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