No artigo Segurança pública, violência e barbárie, Edmilson Costa, Secretário-Geral do Partido Comunista Brasileiro (PCB), revela o medo da esquerda pequeno-burguesa de defender o fim do aparato de repressão estatal.
O autor começa subestimando o inimigo. Ele insiste que a chacina no Rio é um “projeto político da extrema-direita” comandado pelo “governador bolsonarista Cláudio Castro”.
Cláudio Castro não é um bolsonarista propriamente dito; ele é um político da extrema direita tradicional ligado ao grande capital. Reduzir o massacre ao “bolsonarismo” é dar um atestado de inocência para a direita tradicional e os setores do imperialismo que realmente controlam o Estado do Rio de Janeiro.
A chacina não foi uma simples “manobra” da extrema-direita. Foi um movimento de classe defendido pela burguesia inteira. A imprensa burguesa toda saiu em uníssono para justificar os assassinatos falando da “ficha criminal” dos chacinados. A chacina é uma política de Estado, e não um mero projeto tático de uma facção da direita. O autor se concentra na disputa interna da direita e perde de vista a ação unificada da classe dominante.
A análise de Costa atinge o ápice do ridículo no momento em que tenta justificar a falta de ação da esquerda. O autor se esconde atrás de uma tese indefensável.
Ele afirma que “a maioria das pessoas nas comunidades apoia a chacina promovida pelo governo do Rio” e que isso não pode ser “ignorado nem tratado com arrogância política”.
O que não pode ser ignorado é o quão covarde é essa conclusão. Dizer que a maioria dos oprimidos apoia a sua própria morte serve apenas para justificar a falta de política combativa do próprio autor.
Se você diz que a chacina é popular, o que resta à sua “esquerda”? Apenas a capitulação. Essa tese é a política de avestruz que enterra a cabeça na areia, alegando que o povo “apoia a barbárie”, em vez de enfrentar a realidade. O autor critica, com razão, que a esquerda se limita à “denúncia moral”, mas ele próprio se afunda na análise moral e psicológica do “medo, ódio, frustração e abandono”, em vez de propor a ação concreta.
O texto de Costa, depois de tanta volta, conclui que a esquerda precisa “afirmar corajosamente uma concepção de segurança pública baseada na vida”. Esta é a piada final.
Se Costa, afirma que o fuzil da polícia tem alvo certo – “o corpo negro e periférico” – e que o Estado é um “comitê que administra os negócios das classes dominantes”, a única conclusão lógica é: a polícia tem que acabar. Mas Costa se nega a dizer isso. Se nega a fazer qualquer proposta. Ou melhor: sua única proposta é aguardar o fim do capitalismo. Até lá, que os trabalhadores convivam com as chacinas orquestradas pela polícia capitalista.




