No dia 17 de março, a colunista e jornalista da Folha de São Paulo, Dora Kramer, publicou um artigo intitulado “A rua já não atende a Bolsonaro”, no qual faz alguns comentários sobre a manifestação bolsonarista ocorrida no último domingo, dia 16.
A autora do texto defende que as manifestações bolsonaristas vêm diminuindo com o passar do tempo, já que a manifestação do dia 16, considerada pela grande imprensa como pequena, foi menor do que a de abril do ano passado, também realizada em Copacabana, no Rio de Janeiro, que, por sua vez, também teria sido menor do que manifestações anteriores feitas em anos anteriores por apoiadores de Bolsonaro.
Kramer também cita uma fala Davi Alcolumbre (União Brasil), que disse que as manifestações não seriam populares, pois não dizem respeito ao bolso da população, mas sim ao pedido de anistia para manifestantes bolsonaristas.
Ainda assim, a própria Dora Kramer cita que a manifestação teve a presença de Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo, ao contrário de outros apoiadores de Bolsonaro que não participaram, e que contou com a presença de cerca de 30 mil pessoas, segundo dados do Datafolha.
As manifestações ainda, segundo a colunista, mesmo que tivessem contado com o número expressivo anunciado antes do ato pelos organizadores, o de que mais de um milhão de pessoas estariam presentes em Copacabana, seria inútil para ajudar Bolsonaro a escapar da prisão após o julgamento do próximo dia 25, quando o STF decidirá se aceita a queixa contra o ex-presidente feita pela PGR.
Ela também diz que, por conta da quantidade de vezes que Bolsonaro denuncia que pode terminar preso, sua prisão não seria encarada como uma surpresa, o que faria com que seus apoiadores não quisessem se mobilizar por sua soltura.
A análise de Dora Kramer é exatamente a mesma que adotou a ala direita do PT após a manifestação bolsonarista no domingo, a de que Bolsonaro está perdendo a luta política e, em consequência, que Lula estaria vencendo o bolsonarismo.
Mas o que, exatamente, Lula estaria vencendo? A manifestação bolsonarista pode não ter sido imensa, mas, ainda assim, é maior do que qualquer manifestação da esquerda no último período, o que demonstra que ele ainda possui muito apoio popular.
Isso mesmo diante do genocídio na Faixa de Gaza, principal tema político mundial desde outubro de 2023, ainda assim, a esquerda não conseguiu fazer atos maiores do que o dos bolsonaristas, que, aliás, levaram bandeiras de “Israel” na manifestação do dia 16 deste mês.
É preciso lembrar que os bolsonaristas estão sendo acuados pelo Judiciário, o que coloca muitos entraves para que suas manifestações se desenvolvam, mas não quer dizer que elas sempre serão deste tamanho.
Para se ter uma ideia, as grandes manifestações bolsonaristas contaram com financiamento de empresários, assim como o deslocamento de milhares de pessoas de ônibus. No entanto, após o fatídico oito de janeiro, o STF praticamente transformou em crime esse tipo de financiamento para as manifestações, assim como perseguiu grupos de Whatsapp, essenciais hoje para a realização de manifestações.
Ou seja, os bolsonaristas estão na defensiva, assim como a esquerda já ficou inúmeras vezes. Ainda assim, suas manifestações são maiores do que as da esquerda, o que deveria preocupar seus dirigentes.
A crise do Pix também demonstrou que a extrema direita no Brasil possui muito apoio popular, chegando a fazer o governo Lula recuar da medida.
Fora isso, o que Kramer disse de que os bolsonaristas não se mobilizariam após a prisão de Bolsonaro pela falta de surpresa é besteira completa. Não é a surpresa que determina o tamanho de uma mobilização.
Sendo assim, a chance de que as mobilizações bolsonaristas cresçam são grandes. A política atual do PT, além de cegar seus militantes e ativistas, fazendo com que todos pensem que basta esperar para que o STF tome alguma atitude contra Bolsonaro, também paralisa a esquerda, enquanto o bolsonarismo avança.
