O governo da Dinamarca divulgou, nesta última quarta-feira (26), a resposta ao parecer da comissão que debatia o uso de celulares no ambiente escolar. Em resposta, a premiê Mette Frederiksen afirmou que cederia às recomendações dos “especialistas” sobre o banimento dos celulares, além de seguir outras recomendações do grupo. Recomendações estas que já apontam para legislações ainda mais autoritárias.
A Dinamarca está seguindo os passos tomados na Austrália e no Brasil, respectivamente. A Austrália aprovou, em novembro do ano passado, uma lei que obriga as empresas responsáveis pelas redes sociais a proibirem o acesso de menores de idade às plataformas, sob pena de multas milionárias. A lei também proíbe o uso de celulares nas salas de aula, um passo a menos que a Dinamarca, que banirá os celulares do ambiente escolar como um todo.
No Brasil, a lei promulgada no início deste ano determina que os aparelhos eletrônicos pessoais (celulares, tablets e smartwatches) serão banidos das salas de aula, do recreio e do intervalo entre as aulas em toda a educação básica. Em todos os lugares, incluindo o país nórdico, a “saúde mental” dos jovens está sendo eleita como o pretexto de todas as proibições ditatoriais.
Na Dinamarca, a comissão criada no fim de 2023, coincidentemente no início do conflito “Israel”-Palestina, foi inicialmente estabelecida para discutir o crescente descontentamento das crianças e jovens dinamarqueses. Embora não tenha sido alegado o porquê desse descontentamento ter passado a ser um problema, as recomendações que serão adotadas enfrentam forte resistência por parte dos estudantes e até mesmo de professores.
O assunto vem sendo tratado como urgência no país, e o ministro da Infância e da Educação, Mattias Tesfaye, comunicou que o governo já está preparando uma emenda legislativa. Caso aprovada, as medidas propostas se tornarão leis. Ainda não se sabe quais serão os meios de fiscalização, porém, como será possível banir os celulares das escolas sem implantar uma ditadura contra os estudantes?
Em trechos do parecer, os “especialistas” apontaram para um maior “equilíbrio” nas atividades dos jovens, para a proibição da criação de perfis por crianças nas plataformas de comunicação online e para o “perigo” da exposição a conteúdos considerados inadequados. Entretanto, cabe um alerta: quem, além dos pais, definirá qual conteúdo é perigoso? Quem definirá quais conteúdos são inadequados? Quem definirá a idade para estar nas redes sociais?
Trata-se do estabelecimento de uma verdadeira ditadura contra a juventude dinamarquesa, algo que deve ter uma resposta à altura nas ruas do país europeu.