João Pimenta

Estudante da USP. Colunista do Diário Causa Operária, membro da Coordenação da AJR e do Comitê Estadual do PCO de São Paulo. Autor do Livro “A era da Censura das Massas”.

Coluna

Discurso no ato em defesa da resistência palestina

As gerações futuras vão ter uma vida muito mais fácil para entender a política do que nós. Isso, graças aos palestinos.

Boa noite, companheiros. Queria saudar todos os nossos colegas aqui da mesa, todos os companheiros que vieram hoje a este ato e que tiveram que ter esse “arranca-toco” com os sionistas do MBL, que vieram aqui reprimir o legítimo direito de manifestação e tentar calar a revolta de todo trabalhador consciente no Brasil com o que está acontecendo na Faixa de Gaza.

Companheiros, essa manifestação de hoje teve incontáveis pedidos judiciais para ser proibida. Tivemos vereador, deputado federal, vice-governador, deputado estadual, senador, todo tipo de gente exigindo que a polícia entrasse aqui e impedisse a realização dessa manifestação. Companheiros, isso mostra… Se vocês querem uma prova de que o que está acontecendo com os palestinos — que o que Israel está fazendo é uma monstruosidade —, essa é a prova, porque eles querem proibir que vocês critiquem e falem a verdade.

Aqui, o companheiro Constantino, que me antecedeu, mencionou que ele foi condenado a pagar uma indenização absurda por causa de críticas ao sionismo. O companheiro Rui, eu, o companheiro Breno, o companheiro Ahmad, todos nós estamos respondendo a inquéritos, processos, seja lá o que for. Eu mesmo vou ter que ir à delegacia na quinta-feira. Por quê? Porque estamos vivendo aqui a reação do sionismo e do imperialismo à vitória espetacular que foi o dia 7 de outubro.

Nós tivemos que discutir com muita gente e até falsos amigos da causa palestina que queriam nos convencer de que a operação “Dilúvio de Al-Aqsa” — o dia em que as forças da resistência atacaram as tropas da ocupação — foi um erro. Eles disseram: “Não, o custo humano é muito alto”. O companheiro Ahmad citou aqui 77 mil pessoas mortas, centenas de milhares de feridos e incontáveis pessoas que morreram por causas indiretas: fome, doença, pessoas que foram fuziladas até na fila do pão, literalmente falando.

Realmente, companheiros, é um preço altíssimo a se pagar. Só que tem uma coisa: as pessoas que falam que o 7 de outubro foi um erro porque o preço que os palestinos estão pagando é muito alto, nenhum deles é palestino. Nenhum deles vive na Faixa de Gaza, porque os que estão lá não aguentam mais a tortura, a ditadura, a ocupação e o genocídio. Por isso, nós tivemos um 7 de outubro.

Companheiros… A gente aprende, não. Se você olhar na internet, você vai ver que o maior cerco militar da história foi o cerco de Leningrado. Durou dois anos e quatro meses e matou um milhão e meio de pessoas. Quando a Segunda Guerra Mundial acabou, essa frase era verdade. Infelizmente, com a fundação do Estado de Israel, não é mais verdade. O maior cerco militar da história humana é o cerco do imperialismo americano e do sionismo contra os palestinos e, principalmente, contra a Faixa de Gaza.

Bem, companheiros, mas eu não vim aqui apenas para mencionar essa catástrofe humanitária, que, de fato, é importante. Eu queria pedir um minuto de vocês para a gente entender por que é importante que nós, brasileiros, estejamos aqui hoje em solidariedade a esses companheiros.

Porque nós temos que ver no Brasil, na América Latina, na Europa, a imensa lição que a classe trabalhadora está tendo por conta da ação militar palestina. Hoje, no Brasil, todo mundo sabe o que é censura. Não me lembrei mal, a censura já existia antes, mas a maioria das pessoas não via. É como a Rosa Luxemburgo diz: “Só notam as correntes aqueles que se movimentam”. As pessoas foram aí nas redes sociais, nas ruas, se manifestar em solidariedade a um povo que está sendo massacrado. E eles viram a censura, eles foram reprimidos, como foram os companheiros hoje em Brasília, com gás lacrimogênio, que também estavam se manifestando em defesa da Palestina. As pessoas começaram a ver o que é dar poder ao Judiciário para decidir o que você pode ou não falar.

As pessoas na Europa estão vendo o que é o direito de organização política. Porque, se uma organização em defesa da Palestina é montada na Inglaterra, ela é colocada na ilegalidade. Nos Estados Unidos, a mesma coisa. O pessoal é julgado como se fosse terrorista.

Bem, no Brasil, vou falar, tinha coisas que a gente ouvia antes de 7 de outubro de 2023 que a gente já não ouve mais. Todo mundo lembra quando falavam que não existe imperialismo. Eu ouvi muito essa frase, eu já não ouço mais. O pessoal dizia… falava que a violência não levava a nada, que você não podia ter uma resistência violenta diante de um inimigo genocida, assassino e cruel. O pessoal fala que tem que reagir pela força das armas, porque eles não respondem à conversa.

As gerações futuras vão ter uma vida muito mais fácil para entender a política do que nós. Isso, graças aos palestinos. Quando a gente tiver que explicar por que a senhora Dilma Rousseff pegou em armas para enfrentar a ditadura militar brasileira, alguém vai olhar e falar: “Veja o caso da Palestina.” Quando a gente precisar explicar por que os cubanos enfrentam um brutal bloqueio dos Estados Unidos, só precisamos apontar e falar: “Vejam o que está acontecendo na Palestina.” Quando a gente tiver que explicar que tem que defender o governo do companheiro Nicolás Maduro contra as agressões dos Estados Unidos, vai bastar dizer: “É a mesma coisa que está acontecendo na Palestina.”

O preço que os companheiros do Hamas e das outras organizações estão pagando por esse ato de resistência é altíssimo. Mas eles não questionam nem por um único segundo se deveriam ou não pagar esse preço, se deveriam ou não arriscar suas vidas, porque eles sabem, como todos os povos que enfrentaram o colonialismo e o imperialismo e venceram, que, não importa o preço, o direito à liberdade, à autodeterminação e à soberania, nunca, nunca é alto demais, companheiros.

Viva a Palestina! Viva o Hamas! Viva a resistência!

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