Em artigo intitulado Só fanáticos se acorrentam à cadeira, o jornalista Alex Solnik debocha do protesto do senador Magno Malta (PL-ES), que se acorrentou a uma cadeira para se manifestar contra a prisão domiciliar de seu correligionário Jair Bolsonaro, ex-presidente da República. Até aí, direito de Solnik, de fato se trata de uma forma teatral e provavelmente inócua de se manifestar.
Chama a atenção, no entanto, que Solnik é um notório apoiador da esquerda pequeno-burguesa, que costuma protagonizar cenas como a de Magno Malta ou até mais ridículas. Como não lembrar, por exemplo, que meia dúzia de parlamentares do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) desfilaram uma vez no Congresso Nacional fazendo malabarismos com laranjas para protestar contra um suposto escândalo de corrupção envolvendo Bolsonaro? Ou que o mesmo PSOL, durante a pandemia de coronavírus, impulsionou “tuitaços”, enquanto o povo brasileiro morria?
A hipocrisia de Solnik, no entanto, é o menos problemático do artigo. Ele ainda alega que:
“O senador Magno Malta se acorrentou à cadeira da presidência do Senado. Diz que não sai enquanto não for votado o impeachment de Alexandre de Moraes. Nenhuma surpresa. Gente da sua laia sempre aposta na chantagem. [grifo nosso]”
Se um senador se acorrentar é uma “chantagem”, então qualquer greve deveria ser considerada uma chantagem. O que dizer dos movimentos paredistas em que os trabalhadores são proibidos fisicamente de entrar nas fábricas? E nas greves que envolvem a destruição de parte do patrimônio dos patrões? Solnik pensa a política como um policial — sua frase, se Magno Malta fosse um esquerdista, poderia muito bem ser dita pelo próprio Jair Bolsonaro.
A conclusão é ainda mais absurda:
“Não há o que fazer com fanáticos como Magno Malta senão processar e punir dentro do que determina a lei.”
Trata-se, sem tirar nem por, de uma declaração contrária ao direito de manifestação. Perguntemos ao ilustre jornalista: o que é mais perigoso: que um maluco se acorrente à cadeira da presidência do Senado ou que os trabalhadores não possam se manifestar quando têm os seus direitos pisoteados?





