O cenário político chileno passou por uma nova e significativa guinada à direita neste domingo (16) durante o primeiro turno da eleição presidencial. Cerca de 70% dos votos válidos foram conferidos às candidaturas de direita, praticamente sacramentando a derrota da esquerda na disputa presidencial.
Apesar do domínio da direita, a disputa pelo Palácio de La Moneda será decidida em um segundo turno que confrontará Jeannette Jara, integrante do Partido Comunista do Chile e aliada do presidente Gabriel Boric, e o líder de extrema direita José Antonio Kast. A votação final está marcada para o dia 14 de dezembro.
A soma dos votos das principais candidaturas alinhadas à direita e centro-direita atingiu a marca de 69,8%, um resultado que, embora fragmentado, envia um sinal inequívoco sobre a tendência predominante no Chile. Os votos se distribuíram entre: José Antonio Kast (Partido Republicano), que obteve 23,9% dos votos válidos; Francisco Parisi (Partido do Povo), que obteve 19,6%; Johannes Kaiser (Partido Nacional Libertário), com 13,9%; e Evelyn Matthei (União Democrática Independente), que conquistou 12,4%.
Do lado da esquerda, a ex-ministra do Trabalho Jeannette Jara (Partido Comunista do Chile) conquistou 26,8%, ficando em primeiro lugar na votação geral. No entanto, as demais candidaturas de esquerda somaram apenas 1,8% (Marco Enríquez-Ominami e Eduardo Artés), elevando o total da esquerda para 28,6%. Com 99,15% das urnas apuradas, Kast e Jara avançam para a rodada final.
A simulação da consultoria AtlasIntel, realizada entre 10 e 14 de novembro, indica uma vantagem significativa para o candidato da direita. Segundo a pesquisa, José Antonio Kast venceria Jeannette Jara com uma diferença de 10 pontos percentuais, obtendo 49% dos votos contra 39% da candidata de esquerda.
O fracasso da esquerda nas eleições é um resultado direto do fracasso do governo Boric. Eleito após uma onda revolucionária que sacudiu o Chile, Boric realizou um governo de compromisso com o imperialismo, mantendo vários presos políticos, reprimindo manifestações e seguindo a política neoliberal.
A quase certa vitória de Kast, por seu turno, é também expressão da atual tendência política em vigor na América Latina. Como visto recentemente na Bolívia, onde um golpe de Estado proscreveu o maior líder popular do país, Evo Morales, o imperialismo está em uma ofensiva para estabelecer regimes profundamente contrarrevolucionários, que levem adiante uma guerra econômica e repressiva contra o povo.
José Antonio Kast, nascido em Santiago e formado em Direito, tenta a presidência pela terceira vez. Após deixar a União Democrática Independente (UDI) em 2016, fundou o Partido Republicano do Chile, consolidando-se como a principal voz da extrema direita. A base de seu programa é o endurecimento da repressão, propondo medidas semelhantes à da ditadura de Daniel Noboa, no Equador. Kast defende medidas como o fechamento de fronteiras para imigrantes sem documento, a construção de muros e a expansão do sistema prisional para combater o “crime organizado”.





