Alegando ter em mãos um pedido de impeachment do presidente Lula com assinaturas de mais de 100 deputados federais, os parlamentares bolsonaristas Carla Zambelli (PL-SP) e Nikolas Ferreira (PL-MG), dentre outros, estão convocando para o próximo dia 16 de março atos em várias cidades do País pelo “Fora Lula”.
O pedido apresenta como pretexto para o impeachment uma suposta “pedalada fiscal do governo Lula” no Programa Pé-de-Meia e, segundo a deputada, “a mobilização popular será essencial para pressionar o Congresso a dar andamento ao processo” (Gazeta do Povo, 12/2). Como no caso da campanha golpista contra a presidenta Dilma, os setores da extrema direita saem na frente, em um momento de agravamento da crise política e econômica, quando cresce – e muito – a pressão sobre o governo. Cerco que não deixou de existir por um só momento por parte dos banqueiros, da imprensa capitalista, do “todo poderoso” Judiciário, do reacionário Congresso Nacional, bem como dos inúmeros “Cavalos de Tróia” colocados nos ministérios e postos-chaves do governo entregues a representantes da direita e a setores conservadores da esquerda.
Os atos se somam a uma campanha de desmoralização do governo, que recebeu um impulso das medidas antipopulares adotadas pela equipe econômica sob o comando de Fernando Haddad e por importantes setores do governo, tais como o controle sobre o Pix e movimentação financeira da população pobre (que teve de ser revogada); o pacote reduzindo o reajuste do salário-mínimo, BPC, etc. e impondo cortes na Educação e Saúde; a continuidade da política de aumento das taxas de juros no Banco Central, favorecendo os bancos; e o anúncio de que o governo não está sequer pensando em aumentar o valor miserável do Bolsa Família, reajustado pela última vez no governo Bolsonaro por claros interesses eleitorais.
Mesmo estando em uma “areia movediça”, o governo segue com os mesmos movimentos: apoiou o fortalecimento da direita no comando do Congresso ajudando a eleger os parlamentares que, agora, encaminham a PEC do semipresidencialismo e do voto distrital para tornar o regime ainda mais antidemocrático.
A maior e mais poderosa arma do governo Lula e dos trabalhadores contra o golpe segue desativada: a mobilização popular por mudanças efetivas em favor do povo, contra os interesses dos grandes capitalistas.
No último golpe, a esquerda demorou para reagir e os resultados foram desastrosos para todo o povo brasileiro, com o período de gigantescos retrocessos em suas condições de vida, com as famigeradas reformas trabalhista e da Previdência, privatizações, como a da Eletrobrás, sofrimento do povo na pandemia, retrocesso sem igual nos serviços públicos junto com o reforço da ditadura que impôs a prisão de Lula, a censura, aumento da repressão etc.
A esquerda vai esperar para reagir quando já for tarde?