No início da noite deste sábado (22), o Comitê Central Nacional (CCN) do Partido da Causa Operária (PCO) publicou uma nota oficial informando o falecimento de Natália Braga Costa Pimenta, dirigente histórica da agremiação. Seu óbito já havia sido comunicado algumas horas, quando o programa Análise Política da Semana, conduzido por Rui Costa Pimenta, presidente nacional do PCO e pai de Natália, havia sido cancelado em virtude da fatalidade. No sábado, também estava prevista a realização de uma aula do curso Brasil: uma análise marxista de 500 anos de história, que seria ministrado por Rui Pimenta. Assim como a Análise Política da Semana, a aula foi cancelada.

Natália lutava havia três anos contra consequências de um câncer na mama. No início de 2025, a militante revolucionária contraiu câncer no cérebro. Mais recentemente, como resultado do tratamento de quimioterapia, Natália contraiu um tipo raro de leucemia, que acabou sendo fatal para a companheira.

Natália Pimenta deixa para trás seu cônjuge, seus dois filhos, seus dois irmãos, seu pai e uma legião de companheiros, amigos e admiradores de seu incansável trabalho pela libertação da classe operária.

Na nota oficial publicada pelo CCN, o PCO destacou que o proletariado internacional perdeu “um grande ser humano” com a morte de Natália Pimenta e relembrou a longa e intensa trajetória da dirigente, considerada uma das figuras central na formação da atual geração de militantes do PCO. O falecimento ocorre após quase três décadas de dedicação integral à luta política e revolucionária, iniciada ainda na infância, quando ela tinha apenas 12 anos.

De acordo com o texto, Natália ingressou na militância revolucionária durante um período particularmente adverso para a esquerda internacional. O fim dos Estados Operários na União Soviética e na China, a ofensiva neoliberal internacional e o refluxo dos movimentos operários criaram um cenário de isolamento para o PCO. Nessas circunstâncias, seu papel foi decisivo para combater o sectarismo na esquerda, fenômeno que costuma surgir em tempos de defensiva política. Ao lado de outros militantes, ela contribuiu para estabelecer as bases que permitiram a criação da Aliança da Juventude Revolucionária (AJR), marco apontado pela PCO como responsável pelo rejuvenescimento de suas fileiras. O Partido afirma que boa parte de seus quadros atuais se formou graças à atuação de Natália.

Durante mais de uma década, Natália liderou a frente estudantil do PCO, consolidando presença especialmente na Universidade de São Paulo (USP). Ela tornou-se uma liderança importante em uma série de mobilizações e ocupações universitárias e chegou a ser presa durante uma ação na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). A nota destaca que sua atuação nesse período foi marcada pelo rigor organizativo, característico de sua militância, e por uma capacidade ímpar de estruturar métodos internos que hoje compõem a disciplina partidária.

Além de sua atuação organizativa, o partido ressalta seu brilho teórico e político, descrevendo-a como uma polemista “feroz”, capaz de sustentar debates complexos no movimento operário. Ao mesmo tempo, era reconhecida por sua ligação com as lutas populares em curso, especialmente a causa palestina, pela qual desenvolveu profundo engajamento. Seu compromisso com essa luta resultou em sua eleição para a vice-presidência do Instituto Brasil-Palestina (Ibraspal), reconhecimento de sua projeção nesse campo.

O texto elaborado pela Direção do PCO conclui dizendo que, “no dia de hoje, morre uma das mais brilhantes estrelas da luta comunista, mas como toda estrela, sua luz brilhará pelos séculos após sua partida”.

Leia na íntegra a nota oficial do CCN do PCO:

Natália Braga Costa Pimenta (1985 – 2025)

Nota Oficial do Partido da Causa Operária

Na tarde deste sábado (22), o proletariado internacional perdeu um grande ser humano, faleceu a companheira Natália Pimenta. Natália era membro do Comitê Central Nacional do Partido da Causa Operária.

A companheira teve uma trajetória destacada na construção de nosso Partido. É possível dizer, sem nenhum exagero, que ela é a grande responsável pela nova geração de militantes de nosso Partido, que hoje compõem a esmagadora maioria de nossas fileiras.

Natália começou seu trabalho revolucionário aos seus 12 anos, tendo dedicado 28 anos à libertação do proletariado. No período em que começou seu trabalho, o Partido passava por uma difícil fase por conta dos ataques da onda neoliberal, da queda dos Estados Operários na União Soviética e China e o intenso refluxo na mobilização operária internacionalmente.

Mesmo diante de um isolamento grande do nosso Partido, Natália, junto de outros destacados companheiros, travou uma dura batalha contra o sectarismo, doença comum de tempos difíceis, e criou as condições para o desenvolvimento da Aliança da Juventude Revolucionária e um verdadeiro rejuvenescimento do Partido, hoje o partido mais jovem de todos no Brasil.

Liderou a frente estudantil por mais de uma década, sendo a peça fundamental do Partido na Universidade de São Paulo. Participou de diversas ocupações neste movimento, tendo, inclusive, sido presa por uma destas, que ocorreu na Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

A companheira destacava-se pelo seu talento organizativo, onde foi essencial no estabelecimento da atual disciplina partidária e seu brilhante sistema de células e recrutamento. Em matéria teórica e política, era igualmente brilhante, sendo uma das mais ferozes polemistas do movimento revolucionário.

Natália tinha a capacidade de ligar-se em corpo e alma com a luta em curso e com os anseios das massas. Tornou-se uma das mais apaixonadas defensoras do povo palestino e da resistência palestina, vibrando com suas vitórias e sofrendo com suas imensas perdas. Sua luta foi reconhecida pelo conjunto do movimento e foi eleita vice-presidente do Instituto Brasil Palestina (IBRASPAL). Enquanto estava no hospital, foi incluída no inquérito que persegue os lutadores pelo povo palestino.

Ela deixa também um importante trabalho de elaboração política na questão da soberania, da defesa da nossa Amazônia e na crítica à absurda ideologia identitária.

Natália era uma dirigente do partido na questão das mulheres, mas como Rosa Luxemburgo, era uma dirigente mulher com a capacidade de convencer e coordenar tanto homens quanto mulheres, tanto estudantes como operários, tanto mais jovens quanto os mais velhos. Ela era proprietária dessa vontade imperiosa e ousada.

Ela deixa para trás seu cônjuge, seus dois filhos, seus dois irmãos e seu pai. Estes e toda a militância do partido perderam hoje tanto um familiar quanto uma inestimável companheira. Seu legado e sua luta é continuada por estes e por toda a militância do nosso Partido. O Partido oferece a todos os familiares, companheiros de partido e amigos da companheira os mais genuínos sentimentos.

No dia de hoje, morre uma das mais brilhantes estrelas da luta comunista, mas como toda estrela, sua luz brilhará pelos séculos após sua partida.

Companheira Natália Pimenta, presente!

Comitê Central Nacional do Partido da Causa Operária

22 de novembro de 2025