Na última terça-feira, 1º de dezembro, foi realizada, na Capital Federal, na Comissão de Trabalho da Câmara dos Deputados, uma audiência pública convocada pela deputada federal Erika Kokay (PT-DF) e solicitada pelas entidades de luta dos trabalhadores bancários — o Sindicato dos Bancários de Brasília e a Federação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro Centro-Norte (Fetec/CUT/CN). A atividade integrou a mobilização contra a política da direção do Banco do Brasil, marcada por ataques sistemáticos ao funcionalismo por meio da deterioração das condições de trabalho, fechamento de agências, descomissionamentos, terceirizações, arrocho salarial e sucessivas reestruturações. Na sua última determinação, a direção impôs o aumento da carga horária de diversas categorias dentro do banco, um ataque explícito à conquista histórica dos bancários, garantida por lei, das 30 horas semanais.
Para o presidente da Fetec-CUT/CN, Rodrigo Britto, esse cenário é consequência de uma mudança profunda na atuação do banco ao longo da última década. “O Banco do Brasil, desde 2016, mudou sua missão e, consequentemente, sua forma de atuar no sistema financeiro, abandonando seu papel público e priorizando os interesses do capital privado. Com tal prática, realizou um processo de reestruturações nas unidades de atendimento, unidades estratégicas e tecnologia, precarizando direitos, condições de trabalho e promovendo a exclusão de parcela significativa da população do atendimento do Banco. Além disso, com ferramentas de gestão que são usadas para gerar insegurança, medo e ansiedade, cresce o número de adoecimentos psíquicos no corpo funcional”. (Site bancariosdf, 28.11.2025)
Já na audiência pública, no Congresso Nacional, o presidente do Sindicato dos Bancários de Brasília, Eduardo Araújo, “lembrou que a postura da direção do BB não é de ataque apenas aos funcionários, mas também ao Brasil. A legislação obriga a direção do BB a prestar contas semestrais à Câmara dos Deputados, mas isso não tem sido feito, desrespeitando o Parlamento. A estratégia do banco tem sido favorecer os acionistas, não os interesses da instituição”. Araújo fez ainda a seguinte indagação: “será que os acionistas, aqueles que têm compromisso com a empresa pública, sabem que a busca do lucro está semeando pavor, sangue e sofrimento entre a categoria?” (Site bancariosdf, 01.12.2025).
Além disso, Araújo apresentou uma pesquisa realizada pelo Sindicato entre os trabalhadores do BB, na qual foram entrevistados 1.660 funcionários. A totalidade das respostas aos itens de avaliação — como, por exemplo, se a direção do banco está comprometida com o funcionalismo — concentrou-se nas categorias “péssimo” e “ruim”.
A convocação de uma audiência pública na Câmara dos Deputados é parte da luta dos trabalhadores bancários contra as arbitrariedades dos banqueiros, mas a vitória dos trabalhadores somente poderá ser assegurada com a radicalização da mobilização por meio de greves vigorosas e da ocupação das empresas, como medida de força para barrar as iniciativas reacionárias da direção do BB.




